A Unica (União da Indústria da Cana-de-Açúcar) entregou ontem, dia 12, uma carta para a embaixada da ONU no Brasil criticando o relatório preparado pela Organização das Nações Unidas, divulgado em agosto, e que recomenda moratória de cinco anos para a produção mundial de etanol a partir de milho, cana e outras matérias-primas. O relatório, preparado pelo relator especial da ONU para o direito à alimentação, Jean Ziegler, sugere que a produção de combustível pode causar fome no mundo.
Marcos Jank, presidente da Unica, uniu-se a outras três entidades que representam os produtores de etanol dos EUA, União Européia e Canadá. Todos entregam ontem a mesma carta às suas embaixadas da ONU de seus respectivos países criticando as recomendações feitas pela organização. As embaixadas deverão encaminhar as cartas para a secretaria-geral da ONU.
O protesto foi decidido na semana passada, quando os representantes das quatro entidades se reuniram em Amsterdã, na Holanda, durante conferência internacional sobre etanol.
Jank argumenta que o relatório da ONU não foi baseado em dados técnicos, nem científicos. Segundo ele, importantes países produtores de etanol, como Brasil e EUA, já investem na produção de etanol de segunda geração, o que não compromete a produção de alimentos. Segundo ele, o problema da fome não está relacionado à produção de biocombustíveis, mas é resultado da baixa renda, desemprego, falta de infra-estrutura, fragilidades institucionais e políticas públicas mal direcionadas.
No domingo, o secretário-geral da ONU, Ban K-Moon, visitou a usina, Santa Adélia, localizada na região de Jaboticabal (SP). “Não entregamos nossa carta pessoalmente porque não queríamos quebrar o protocolo”, disse Jank. O presidente da Unica disse que as quatro entidades internacionais vão se reunir em fevereiro próximo nos EUA e continuarão discutindo ações em defesa do etanol.