A União da Agroindústria de Cana-de-Açúcar (Unica) anunciou nesta segunda-feira que vai abrir escritórios em Washington, Bruxelas e na Ásia para defender a abertura de mercados ao álcool brasileiro.
A associação espera contratar funcionários e abrir as representações nos próximos meses, disse o presidente da Unica, Marcos Jank, em uma conferência de imprensa cujo objetivo também foi apresentá-lo como novo presidente da entidade.
“Em Washington, por exemplo, nenhuma decisão política ocorre antes de uma intensa discussão. Queremos tomar parte do processo”, disse Jank, um especialista em comércio exterior.
Nos Estados Unidos, a Unica vai provavelmente trabalhar junto a parlamentares e também nos departamentos de energia e agricultura, bem como no International Trade Commission (ITC).
“Nos próximos seis anos, o mercado local será o principal mercado para o etanol brasileiro, mas isso vai mudar em 2010. O mercado externo será mais importante, e teremos de começar a trabalhar se quisermos mudar as tarifas ao etanol em 2010.”
Os Estados Unidos impõem uma tarifa de 54 centavos de dólar por galão ao etanol brasileiro.
A representação na Ásia provavelmente cobrirá o Japão, Índia e China, grandes mercados potenciais para o biocombustível, disse o presidente da Unica.
Jank, bem conhecido no Brasil por fomentar as relações comerciais do Brasil mundo afora, disse que o aumento das exportações brasileiras de açúcar e álcool está entre as suas prioridades.
“Temos que combater alguns mitos como aquele que diz que a bioenergia vai provocar fome no mundo e mostrar que essa é uma oportunidade não apenas para o Brasil, mas também para outros países tropicais, que estão entre os mais pobres”, disse.
Jank insistiu que a polêmica entre alimentos e combustível, que tem sido estimulada pelo presidente cubano, Fidel Castro, e pelo venezuelano Hugo Chávez, seria válida apenas para o etanol produzido do milho, mas não para o álcool combustível derivado da cana.
“Essas conversas existem apenas por causa do protecionismo. Se os Estados Unidos fossem um mercado livre para o etanol, os preços do milho cairiam, os preços do etanol poderiam cair. Temos tecnologia para produzir hoje comida e combustíveis.”
Entre as prioridades de Jank à frente da Unica, ele também citou contratos de longo prazo de etanol para o mercado doméstico e o fim de certas taxas domésticas que poderiam estimular hedge da commodity nos mercados futuros locais, na BM&F.
Jank substituiu Eduardo Pereira da Carvalho, que deixou a Unica para comandar um grupo de investidores que atuará em produção de açúcar e álcool e no comércio.