Mercado

União Européia vai reduzir produção de açúcar

A União Européia pretende realizar uma “retirada significativa” de açúcar do mercado para evitar um excedente dos estoques. A decisão vai obrigar empresas como a alemã Südzucker, a maior do mundo, a reduzir a produção, segundo as agências internacionais.

A Comissão Européia está recomendando uma redução temporária de pelo menos 2 milhões de toneladas, ou uma redução de 12% da cota. Uma parcela do açúcar produzida no atual ano de comercialização terá de ser abatida da cota 2008/09 ou ser vendida como açúcar não-pertencente à cota para uso industrial, como a produção de bioetanol.

A União Européia (UE), de 27 países, a segunda maior exportadora mundial de açúcar, está reduzindo suas remessas do produto depois de o Brasil ter vencido um contencioso junto à Organização Mundial do Comércio (OMC) que impede os produtores europeus de vender seu excedente de produção para o exterior. A comissária de Agricultura da UE, Mariann Fischer Boel, disse em novembro que um número muito reduzido de produtores abriram mão de suas cotas desde que o setor foi reformulado, em julho. O Brasil é o maior exportador de açúcar do mundo.

“Em várias ocasiões, alertei as operadoras de açúcar e os países-membros da UE para os riscos decorrentes da não-redução das cotas de produção de acordo com as condições fixadas pelas reformas do ano passado”, disse Fischer Boel em comunicado divulgado hoje em Bruxelas. “Fui bastante clara ao afirmar que, se não se abrisse mão de parcelas muito maiores das cotas, as conseqüências seriam graves para todos.”

Os produtores europeus de açúcar se ofereceram para reduzir a produção em 700.000 toneladas este ano, volume inferior ao corte previsto de 5 milhões de toneladas. A crescente oferta de açúcar europeu levou Theo Spettmann, principal executivo da Südzucker, a maior processadora mundial do produto, a dizer a 21 de novembro que o mercado da UE deverá “entrar em colapso’ se não for autorizado um volume maior de exportações.

A UE aceitou desde julho reduzir em 36% o preço de garantia que paga pelo açúcar e pretende pôr fim às exportações líquidas de açúcar dentro de uma década. De acordo com os compromissos que assumiu junto à OMC, a UE está autorizada a exportar 1,374 milhão de toneladas de açúcar subsidiado, diz a comissão.

As exportações da UE vão reforçar a superoferta de açúcar no mercado mundial. Prevê-se que a produção mundial de açúcar ultrapassará a demanda em 5,1 milhões de toneladas no período de doze meses a encerrar-se em setembro, estimuladas pelo preço elevado vigente em 2005, que levou os produtores de cana-de-açúcar a aumentar suas áreas plantadas, disse a Czarnikow Sugar Ltd., a maior corretora de açúcar do mundo, em relatório divulgado em novembro do ano passado.

Fischer Boel disse que a UE fixará em outubro o “número definitivo” sobre o volume de açúcar que tem de ser retirado do mercado.