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UnB inaugura usina que produz biodiesel

A Universidade de Brasília (UnB) apresentou ontem o resultado de projeto que permitirá novas opções para a produção de biocombustíveis. Foi inaugurada no campus universitário uma miniusina de geração de diesel a partir de plantas oleaginosas, como a mamoma e o babaçu, e de gorduras de animais. O combustível gerado pelo experimento da UnB, em parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), não deixa nada a dever ao diesel tradicional.

Existem planos, inclusive, para que os carros da reitoria rodem com o produto da miniusina. Durante a solenidade de inauguração, um trator passeou pelo estacionamento da Faculdade de Medicina abastecido apenas com o combustível feito de soja, nabo forrageiro e girassol. O ministro do Desenvolvimento Agrário, Miguel Rossetto, ficou admirado ao descobrir que o trator estava funcionando com biodiesel puro, o chamado B100. Ele lembrou que atualmente estamos no nível B2, o que significa mistura obrigatória de 2% de biocombustível ao diesel comercializado nos postos.

A crença do Governo é que o desenvolvimento de tecnologias como a da UnB barateiem o preço do produto e transformem o biodiesel em mais uma opção para o consumidor no futuro. “Queremos produzir tecnologias que nos permitam cada vez mais abrir as possibilidades energéticas do Brasil. E isso é um valor estratégico para o País”, avaliou Rossetto.

O professor de química Paulo Ziani, um dos coordenadores do projeto, explicou que o processo empregado na miniusina não usa álcool anidro nem qualquer catalisador para a produção do diesel. Por isso, o produto é mais puro. Em contrapartida, a produtividade é menor do que o modelo tradicional. A patente já foi tirada. Ainda este ano deve ser feita uma licitação para a escolha dos futuros fornecedores da tecnologia. “A gente não tem idéia qual será o preço que o modelo terá no mercado”, afirmou Ziani. A implantação da usina na UnB custou entre R$ 30 e R$ 40 mil. O orçamento de toda a pesquisa, que contou com verbas federais, é de R$ 850 mil.

Projetos bem sucedidos como o da UnB animam o Governo a apostar em auto-suficiência do País no mercado de diesel. O Brasil importa parte do óleo comercializado nas bombas e o biocombustível pode ser a chave para reduzir essa dependência que ainda existe. “Temos as condições para deixar de ser, definitivamente, importadores de diesel. Isso é muito importante, já que consumimos mais diesel do que gasolina no País”, lembrou o ministro.

Rossetto preferiu não fazer qualquer aposta sobre quando esse patamar será atingido. “De curto a médio prazo”, calculou. Em aproximadamente 10 anos, o Governo acredita que estaremos na faixa B20, ou seja, com uma mistura de 20% de biocombustível ao diesel.