A cogeração de energia elétrica é uma das opções encontradas pelas usinas no sentido de diversificar o leque de produtos obtidos através da cana-de-açúcar. Assim, além do bagaço que já é utilizado para essa finalidade, a mecanização intensiva do corte em substituição à queima e colheita manual, traz a perspectiva de se usar também a palha da cana como combustível para a geração de energia.
A adequação das unidades industriais a essa nova possibilidade tem sido motivo de estudos e desenvolvimentos de equipamentos apropriados. Um dos aspectos a serem levados em conta é o projeto de caldeiras que possibilitem a geração de vapor a partir da queima combinada de bagaço e palha.
Em recente palestra realizada durante a Fersucro de Maceió-AL, José Campanari Neto da MCE Projetos, abordou diversos pontos a serem considerados no projeto de caldeiras visando o uso da palha como combustível. Um dos dos aspectos é o da umidade contida nos gases da queima dessa biomassa.
“Em uma caldeira com capacidade de gerar 200 toneladas/hora de vapor, a queima do bagaço gera aproximadamente 500 toneladas de gases que contém a grosso modo 100 toneladas de água. Assim, são necessários cuidados especiais no projeto para que a temperatura na parte posterior da caldeira não esteja próxima ao ponto de orvalho, o que acarreta condensação e graves problemas de corrosão,” explica Campanari.
Um projeto criterioso deve levar em conta essas particularidades da queima de biomassa com alto teor de umidade.
Os sistemas de lavagem de gases para separação da fuligem podem contribuir para aumentar os problemas de corrosão nos dutos posteriores das caldeiras. Uma das soluções é a construção de dutos em chapas de aço inoxidável, que eliminam o problema, embora com um custo mais elevados do que os mesmos elementos construídos em aço carbono.
Outra possibilidade é o uso de separadores de fuligem do tipo eletrostático, que fazem a separação sem o auxílio de água, no entanto seu uso ainda encontra resistências pelo alto custo do equipamento.