Mercado

Um modelo verde

Vem aí o novo Conselho Nacional de Agricultura, vulgo Consagro. Ao redor da mesma mesa, representantes do setor público e pelo setor privado. Com ele, o governo Lula espera reformular e refertilizar o apagado Conselho Nacional de Política Agrícola.

Bingo! O ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, que sempre foi do ramo, diz que um governo petista teria, forçosamente, de usinar uma nova política agrícola para o País. Para não dizer: uma primeira política agrícola digna do nome em 503 anos de abundância cabralina – ainda rica de recursos e sempre pobre de riquezas.

O ministro espera reinstalar o Consagro agora em fevereiro. A corrida é contra o relógio de um novo governo e de um novo mercado – aqui dentro e lá fora. Sobrou para o governo Lula o trabalho de 12 Hércules da negociação simultânea da agenda agrícola e afins com a União Européia, com a futura Alca e com a Organização Mundial do Comércio (OMC). Uf!

Felizmente, estamos mui bem preparados para tamanha empreitada. Duvido que se poderia escalar para esse “front” de guerra econômica um trio mais bem equipado que os dos ministros Roberto Rodrigues (Agricultura), Luiz Fernando Furlan (Desenvolvimento e Comércio Exterior) e Celso Amorim (Relações Exteriores).

Antecipando-se à modelagem de uma política agrícola pelo governo Lula, o ministro Roberto Rodrigues anuncia a criação de câmaras setoriais no ventre do agronegócio brasileiro. Algo ainda vacilante no setor industrial como um todo.

O ministro lembra que algumas cadeias produtivas poderosas ainda padecem de vazios e de desvios exatamente por falta de uma articulação adequada e pactuada entre os respectivos elos. Questão de física aplicada: nenhuma corrente pode ser mais forte que seu elo mais fraco.

A intenção do governo é introduzir as câmaras setoriais exatamente a partir das cadeias produtivas já relativamente integradas. A primeira delas, justamente a de maior visibilidade, seria a da cana/açúcar/álcool.

Reconhece o ministro que a medida de sucesso ou de fracasso de uma futura política agrícola estará na oferta (ou não) de produtos e serviços cada vez melhores a custos e preços cada vez menores. O objetivo último da estratégia é a satisfação do consumidor – a partir da plena realização do produtor.

O problema é que até para viabilizar as câmaras setoriais do agronegócio o governo Lula vai ter de escalar pedreiras do tipo revisão da carga tributária, expansão do crédito agropecuário, redescoberta do seguro rural, redenção da agricultura familiar, logística do transporte intermodal, pesquisa e desenvolvimento biotecnológico, sustentabilidade ambiental, promoção de recursos humanos, reforma agrária. (O Estado de S. Paulo)

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