Mercado

UE volta a negociar reforma do setor amanhã

Os 25 ministros de Agricultura da União Européia (UE) realizam amanhã a última reunião para discutir a reforma do programa de subsídios ao setor de açúcar do bloco, antes da reunião ministerial da Organização Mundial do Comércio (OMC) em dezembro.

A ministra de Agricultura do Reino Unido Margaret Beckett e a comissária de Agricultura da UE Mariann Fischer Boel, que estão liderando as negociações no bloco, procuram um acordo para reduzir os preços mínimos do açúcar no mercado europeu antes do final deste mês. A idéia é mostrar aos outros países que o bloco tem atendido às demandas para liberalizar seu mercado agrícola.

Mas pelo menos sete, das 25, nações que compõem a UE são contra a proposta de corte de 39% nos preços mínimos do açúcar nos próximos quatro anos. O preço praticado no bloco é pelo menos quatro vezes maior que o do mercado internacional. Além do mercado interno ser protegido por altas tarifas de importação, as exportações recebem milhões de euros em subsídios. Tal sistema já dura 40 anos.

A UE tem cerca de 325 mil produtores de açúcar de beterraba. A maioria está na França, Alemanha e Polônia. Entre os que se opõem às reformas estão Itália, Espanha, Irlanda, Grécia, Portugal, Finlândia e Polônia. Eles argumentam que o setor açucareiro vai desaparecer e deixar milhares de produtores fora do mercado.

Alguns países em desenvolvimento que se beneficiam do atual sistema europeu para o açúcar também são contra a reforma. São, na maioria, ex-colônias que exportam o produto para a UE e recebem os mesmos altos preços pago ao produtor europeu. A UE quer reduzir o valor pago a esses países em um período de oito anos.

O fato da Organização Mundial do Comércio (OMC) ter exigido um corte nos subsídios, até junho do ano que vem, após uma interpelação do Brasil deve forçar os europeus a chegar a um acordo sobre a reforma.

Enquanto isso, organizações não governamentais favoráveis a uma revisão do regime açucareiro europeu, como Oxfam e WWF, dizem que as atuais propostas da UE farão pouco para ajudar os países mais pobres. Ao invés disso vão beneficiar as grandes companhias do setor, entre elas as brasileiras. “O que está sendo negociado agora é um mau negócio tanto para os produtores pobres de outros países, quanto para os pequenos produtores da Europa”, disse Luis Morago, da Oxfam. As informações são da Dow Jones.