Mercado

UE e Mercosul podem rever tema agrícola

Depois do fracasso da conferência ministerial da OMC (Organização Mundial do Comércio), em Cancún, “é necessário que haja um esforço para avançar em todos os temas agrícolas” nas negociações para um acordo de livre comércio entre a União Européia e o Mercosul, disseram empresários dos dois blocos econômicos, na Declaração de Brasília, formulada durante o MBEF (Foro Empresarial Mercosul-UE), que terminou nesta quinta-feira.

Segundo o comissário da UE para empresas e informações à sociedade, Erkki Likanen, as relações entre os países do Mercosul e da UE têm passado por tempos difíceis, depois da falta de acordo no México.

“Cancún forçou uma reflexão abrangente sobre a maneira como se faz política comercial”, disse Likanen, em discurso no encerramento do Foro. “Os países, principalmente os em desenvolvimento, perderam uma chance de tirar mais proveito dos benefícios da abertura dos mercados”, disse ele, referindo-se ao fracasso do encontro da OMC. “Por isso, o processo de integração dentro do Mercosul, e do bloco com a UE, tornou-se mais importante do que nunca.”

Durante o encontro, empresários europeus e do Mercosul tentaram chegar a consensos sobre as negociações entre os dois blocos e as recomendações conjuntas para as autoridades negociadoras. Entre as recomendações emitidas nesta quinta-feira estão um apelo para que os governos busquem soluções para reforçar o multilateralismo, ameaçado “tanto no âmbito político quanto no comercial”.

O MBEF também “apela para que os dois blocos mostrem compromisso e flexibilidade com as negociações em agricultura”, além de cooperar nas negociações dos temas de Cingapura (investimentos, política da concorrência, compras governamentais e facilitação de negócios).

Os empresários disseram ainda que o sucesso das negociações com a Europa também depende de uma integração maior do próprio Mercosul. “O MBEF apela aos governos do Mercosul que se empenhem em transformar em realidade as manifestações de intenção de consolidar e aprofundar a união aduaneira. Isso é muito importante para estimular os negócios entre os dois blocos.” Na Declaração de Brasília, os empresários também avalizaram a reivindicação européia de que o Mercosul apresente uma oferta para a liberalização de compras governamentais, “uma vez que a União Européia já apresentou a sua”. O Brasil, entretanto, vem resistindo a negociar a abertura para estrangeiros nas licitações públicas.

Maratona – Segundo Likanen, o mais importante é que as negociações continuem. “Alguns comparam as negociações entre UE e Mercosul a uma maratona”, disse o comissário. “Sei o que é uma maratona, assim como Pascal Lamy (o comissário de Comércio da UE), pois ambos vamos correr no domingo em Nova York. A maratona significa continuar seguindo em frente. Se você parar, é muito, muito difícil recomeçar.”

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