A vida de Graça Foster, presidente da Petrobras, não está fácil. E não estou falando só do escândalo de corrupção que atinge a maior empresa do país.
Na reunião do conselho de administração da estatal, Graça pediu um reajuste de 8% no preço da gasolina para recompor o caixa. O governo só topou 3%.
Um reajuste tão pequeno é facilmente anulado se houver nova desvalorização do real, o que é até aguardado pelo mercado à medida que a economia americana se recupere, atraindo os dólares que estão nos mercados emergentes.
O argumento do governo é que a queda do petróleo zerou a defasagem entre o preço internacional e o local. Qualquer reajuste mais significativo, portanto, tornaria a gasolina aqui muito mais cara que lá fora.
Faz sentido. O problema é que situação da Petrobras é delicadíssima por erros cometidos no passado. Para não pressionar a inflação, a estatal subsidiou os combustíveis por meses e amargou pesadas perdas.
Agora está descapitalizada para enfrentar o fim do super ciclo de preço das commodities. A relação entre a dívida e a geração de caixa cresceu significativamente e sua capacidade de investimento foi comprometida.
A sensação é que o governo não quis realmente ajudar a Petrobras, mas dar uma resposta aos críticos que o acusam de represar os preços administrados para conter a inflação.
Só que um ajuste tão modesto significa que a mentalidade da administração Dilma continua a mesma e que sua equipe segue fazendo conta para evitar que o IPCA estoure a meta de inflação.
Subir o preço da gasolina é sempre um desgaste político com a opinião pública. Mas, dessa vez, fica a pergunta: a troco de quê?
Um reajuste de 3% não vai resolver o problema da Petrobras e tampouco trará mais credibilidade ao governo. Graça vai ter muito com o que se preocupar nos próximos meses.
Fonte: Folha de S. Paulo / Raquel Landim – Colunista