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Transporte de etanol por dutos e rios pode reduzir preços nas bombas

Uma das saídas mais eficientes para melhorar o transporte de etanol no Brasil seria a multimodalidade, experiência ainda pouco explorada neste setor, mas que demonstra grande potencialidade no que se refere à maximização da utilização do sistema logístico nacional. É o que aponta um estudo de Jamile de Campos Coleti, pesquisadora do Grupo de Pesquisa e Extensão em Logística Agroindustrial (Esalq-Log), da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (Esalq/USP).

“Se associados os investimentos atuais nos modais hidroviário e dutoviário, com o aumento da utilização da multimodalidade, os custos de transporte de etanol podem se reduzir de forma expressiva, buscando a otimização do sistema logístico nacional e acarretando um aumento da competitividade do etanol a partir de vantagens no processo de comercialização”, explica.

Com objetivo de verificar os investimentos atuais para esses dois, Jamile avaliou a viabilidade do transporte de etanol por essas vias de transporte. “Hoje esse produto é transportado quase que integralmente por rodovia”, lembra. Para o desenvolvimento do estudo, ela fez revisão bibliográfica e pesquisas de dados secundários sobre os investimentos no setor, tanto na esfera pública quanto na privada. “O transporte dutoviário é uma tendência mundial; porém, no Brasil não funciona com a eficiência dos outros países, apresentando um grande gargalo devido à pouca disponibilidade desta modalidade”.

Segundo dados da Uniduto – conglomerado formado por 12 grupos do setor sucroalcooleiro nacional –, em países como os Estados Unidos, a malha dutoviária disponível é de cerca de 440 mil quilômetros. Na Rússia, são mais de 300 mil quilômetros e no Canadá, 240 mil quilômetros. Por sua vez, o Brasil tem em sua malha dutoviária apenas 22 mil quilômetros. “Sendo assim, verifica-se que cerca de 70% do etanol brasileiro é transportado por rodovias. Isso ocorre em função da grande dispersão das usinas sulcroalcooleiras e acaba encarecendo o custo de transporte”.

Jamile lembra que uma grande aposta para a redução de gastos do setor foi a criação da Logum, uma empresa de logística responsável pelo transporte de combustíveis principalmente por dutos e hidrovias. “Esta é uma iniciativa da Petrobras juntamente com empresas dos setores de construção civil e sucroalcooleiros que buscam reduzir o custo de transporte de etanol através de um sistema multimodal”, afirma.

Falta de integração

Outro gargalo apontado pelo estudo, presente na estrutura de transportes brasileira, é o fato de que os modais não estão integrados, aumentando o transit time (tempo de trânsito) e os custos totais da operação. “Isso faz com que a multimodalidade (hidrovia/ferrovia) seja uma opção menos vantajosa do que, por exemplo, a utilização do modal rodoviário isoladamente. Porém, também há um entrave na utilização da multimodalidade: a baixa densidade dos modais hidroviários e ferroviários em relação ao rodoviário acaba causando uma limitação”, pondera.

O estudo considera ainda que uma das formas de investimento que aparentemente estão dando certo são as de caráter misto e em parceria, na qual uma empresa associa-se ao poder público para investir em obras que atinjam interesses mútuos. “Essa forma gera um grande benefício para a empresa, que utilizará diretamente o produto fruto do investimento.”