Mercado

Transpetro agita o transporte fluvial

Há quem proclame com absoluta coerência que não adianta só produzir e vender sem complementar o tripé com uma boa logística.

A Petrobras, maior empresa brasileira e que ano passado teve um lucro líquido de R$ 28,9 bilhões, sabe que parte de seu sucesso vem de uma bem afinada política logística.

Além dos modais marítimo e dutoviário, dois estratégicos canais de transportes, a Transpetro, braço de logística da Petrobras, vai entrar na operação fluvial para movimentar etanol. Para isso a estatal abriu concorrência para comprar uma frota de 20 comboios. Os comboios (cada deles tem 1 empurrador e 4 barcaças) navegarão na Hidrovia Tietê-Paraná que corta o interior paulista, região responsável na safra 2008/2009 pela produção de 346,3 milhões de toneladas de cana de açúcar, nada menos do que 60% de tudo que o País colheu da matéria-prima que tem como um dos derivados o etanol.

A entrada da Transpetro pode reverter o marasmo com que o Brasil conduz o transporte fluvial, modo inexpressivo na matriz de transporte brasileira.

A operação dos novos comboios hidroviários integra o chamado Programa de Logística Integrada de Escoamento de Etanol da Petrobras, que inclui, ainda, a construção de novos dutos, centros coletores e terminais. A previsão é que sejam gerados dois mil empregos com a construção das barcaças e empurradores, sendo 400 diretos e 1.600 indiretos.

O novo projeto, que inaugura o Promef Hidrovia, segue os passos do Promef (Programa de Modernização e Expansão da Frota), que ressuscitou a indústria naval brasileira a partir da encomenda de 49 navios petroleiros. “Assim como o Promef foi a mola propulsora que possibilitou o renascimento da nossa indústria naval, tenho certeza de que este novo programa abrirá caminho para uma nova era de uso intenso do modal hidroviário no país,” disse Sergio Machado, presidente da Transpetro, Para começar a navegar em água doce a Transpetro envia cartasconvite a 25 estaleiros comunicando a concorrência para a construção de 20 comboios (80 barcaças e 20 empurradores). A empresa estatal informa que espera receber as propostas de interessados até o final do primeiro semestre.

Cada comboio terá capacidade para transportar 7.200 metros cúbicos, ou 7,2 milhões de litros. A capacidade anual de transporte chegará a 4 bilhões de litros, cerca de 20% do mercado atual.

A Transpetro lembra que o transporte hidroviário emite um terço do gás carbônico (CO2) e consome cerca de 75% menos combustível do que o rodoviário, para uma mesma carga transportada.