Mercado

Terceirizar serviço reduz investimento

O alto custo e a carência de mão de obra são os maiores entraves à difusão das tecnologias da agricultura de precisão. “Um kit de taxa variável que inclui o GPS, computador de bordo e um aparelho de aplicação eletrohidráulica dos insumos a taxas variáveis, pode custar entre R$ 15 mil e R$ 50 mil, cada. Quando se trata do maquinário que já vem com esses aparelhos, o valor sobe para R$ 60 mil a R$ 110 mil”, diz o engenheiro agrônomo Thiago Ferreira Cunha.

Apesar dos elevados investimentos, o professor de agronomia da Universidade do Rio Grande do Sul Luiz Eduardo Coelho de Souza avalia que a média de retorno é rápida. “Dependendo da produção, em duas safras o agricultor já consegue cobrir os gastos com maquinário, para se ter uma ideia dos rápidos resultados no aumento da produtividade.”

O número de lançamentos de equipamentos voltados para a agricultura de precisão também vem aumentando, o! que pode significar, num futuro próximo, queda nos preços. “Entre os equipamentos inscritos na categoria Novidade do Prêmio Gerdau Melhores da Terra, 25% (cinco em 19) são voltados para a agricultura de precisão. Veremos um fluxo cada vez maior de lançamentos de equipamentos desse tipo no mercado, atendendo a necessidade dos produtores”, avalia Souza, que também é coordenador da Comissão Julgadora do Prêmio Gerdau Melhores da Terra.

Thiago Cunha é ainda mais otimista e acredita que em apenas uma safra já é possível ter retorno dos investimentos no negócio. “Isso depende muito, mas, em média, três safras são suficientes para ver esses resultados.” Ainda considerada uma tecnologia restrita aos grandes produtores, Cunha dá a dica para quem não quer comprar máquinas: terceirizar o serviço. “Para análise de solo, realização da amostragem e geração dos mapas, costuma ser cobrado de R$ 20 a R$ 30 por hectare. Já para aplicação, o custo é de R$ 25 por hectare por insumo aplicado.! Isso é uma média para lavoura de grãos e pode ser uma grande vantagem para quem não quer investir na compra do maquinário”, avalia.

Foi o que fez a Canavial ABS, empresa que presta serviço para a indústria sucroalcooleira no Noroeste de Minas. “Com a economia que temos nos insumos, que chegam a representar cerca de 30% de todo o custo do plantio, já conseguimos pagar a terceirização do serviço”, explica José Donizete Barela, gerente agrícola da Canavial ABS. Com 4,5 mil hectares de cana-de-açúcar plantados, Barela acredita que haja uma redução de cerca de 30% com a aplicação variada dos insumos. “Sem contar a questão ambiental, já que só é aplicada a quantidade necessária de fertilizantes, o que representa menor agressão do solo”, avalia.

Se depender da indústria sucroalcooleira paulista, uma das que usam mais amplamente as informações fornecidas por satélite na p! rodução, o futuro da agricultura de precisão é promissor. “A grande maioria das empresas que adotam AP (96%) declarou que nos próximos cinco anos pretende expandir o uso da tecnologia”, afirma a doutora em economia aplicada Cláudia Brito Silva, responsável por uma pesquisa sobre a penetração das tecnologias de AP na indústria sucroalcooleira de São Paulo, responsável por 60% de toda a produção nacional.

Das 87 usinas e destilarias pesquisadas, 56% adotam algum tipo de tecnologia de AP. “Dessas, 76% usam imagem de satélite, 39% o piloto automático, 33% fotografias aéreas, 31% a amostragem de solo em grade com GPS e 29% a tecnologia de aplicação em taxa variada. São as tecnologias que apresentaram maior grau de adoção”, avalia.