Um protocolo de intenção de preferências tarifárias entre o Mercosul e o Conselho de Cooperação do Golfo (constituído por Arábia Saudita, Bahrein, Catar, Emirados Árabes Unidos, Kuwait e Omã) está próximo de ser concluído.
De acordo com o presidente da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, Antonio Sarkis Junior, o assunto será discutido em uma reunião de cúpula a partir do dia 9 de maio no Ministério das Relações Exteriores (Itamaraty), em Brasília, e está encaminhado para aprovação, sem necessidade de adiamentos.
“Não se trata de um acordo para estabelecer uma zona de livre comércio entre os blocos”, disse. Por enquanto, são apenas vantagens tarifárias que estão sendo estudadas”, esclarece.
Ele informou também que participarão da reunião os chefes de estado que compõem os 22 países da Liga Árabe e mais 14 representantes de Estados sul-americanos.
De Brasília, os chefes de estado árabes seguirão para São Paulo, para uma rodada de negócios promovida pela Câmara de Comércio Árabe Brasileira.
Aproveitando essa visita, também visitarão fazendas, sobretudo, produtoras de cana de açúcar, além de usinas de açúcar e álcool — dois dos produtos brasileiros de maior interesse dos árabes.
Desde a visita ao Marrocos, em março, o Ministro das Relações Exteriores, embaixador Celso Amorim, se mostrou otimista em relação a um acordo com os árabes, em função dos avanços com aquele país e também com o Egito. O que se espera, agora, é que sejam definidos os produtos e regras do possível acordo.
Exportações crescem 8%
Para o Brasil o momento é propicio para um convênio, já que as exportações para os países árabes cresceram 8% no primeiro trimestre deste ano.
Segundo Sarkis, a indústria árabe também tem apresentado taxas de crescimento “relevantes”, sendo Egito, Arábia Saudita e Emirados Árabes os que registraram os maiores índices positivos da região.
Em razão das vantagens tarifárias entre os países árabes, o ano de 2004 foi superavitário no comércio daqueles países, pois as importações do árabes somaram US$ 240 bilhões e as exportações para o País foram de US$ 377 bilhões.
Do montante de US$ 892 milhões registrados nos primeiros três meses de 2004, as exportações brasileiras para os países árabes saltaram para US$ 965 milhões no mesmo período deste ano.
No acumulado dos últimos doze meses, a alta foi de 24,8%.
Vendas somam US$ 4 bilhões
O Brasil faturou US$ 4 bilhões com vendas para as nações árabes entre abril de 2004 e março de 2005, contra US$ 3,2 bilhões nos doze meses anteriores.
Segundo o presidente da Câmara Árabe, este crescimento se deve, principalmente, à exportação de produtos agrícolas, e alimentos em geral.
Porém, ele acredita em uma possível retração das exportações no segundo semestre do ano.
“Em virtude da instabilidade do dólar e da flutuação grande do câmbio, haverá uma tendência de queda. O índice de 8% até agora está insatisfatório diante da previsão de 12%, definida no final do ano passado”, afirma.
Dos produtos brasileiros mais comprados por árabes aparecem carne de frango, açúcar, carne bovina, óleo de soja, leite em pó e minério de ferro. Entre os manufaturados estão os chassis de ônibus, os veículos automotores, os motores elétricos.
“O setor de calçadista e de moda também vão bem. Algumas grifes, inclusive, estão realizando embarques mensais”, acrescenta.
Nos últimos três meses, os países árabes que mais aumentaram importações do Brasil foram Somália (226%), Iêmen (79,7%), Sudão (52,4%), Líbia (49,7%) e Argélia (49%). Também se destacaram Líbano (46,7%), Jordânia (32,9%), Arábia Saudita (31%), Kuwait (10,6%) e Marrocos (5,2%).