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Superávit histórico no agronegócio em julho

As dificuldades enfrentadas pelos agricultores não estão se refletindo nos resultados da balança comercial do agronegócio. Ao contrário. As vendas de grãos, suco e carnes ao exterior não param de crescer. E o resultado no mês de julho foi recorde, com superávit de US$ 4,658 bilhões, 28,6% mais do que em igual período do ano passado. As exportações alcançaram US$ 5,236 bilhões. No ano anterior, as vendas externas ficaram em US$ 4,072 bilhões. As importações tiveram um acréscimo de 41,6% e chegaram a US$ 578 milhões.

“O resultado é surpreendente, mas infelizmente toda essa riqueza não deve chegar ao campo”, afirmou a analista Amaryllis Romano, da Tendências Consultoria . As margens Açúcar, álcool, suco de laranja e carnes estão proporcionando bons resultados. são baixíssimas fruto do câmbio valorizado e dos baixos preços. Isso porém, segundo a analista, não se aplica a todos os produtos que compõem a pauta de exportações do agronegócio. Açúcar, álcool, suco de laranja e carnes estão proporcionando bons resultados aos produtores. Apesar da defasagem cambial, as exportações oferecem bons resultados aos produtores.

O maior destaque fica com as vendas externas de álcool anidro pelas usinas e distribuidores de combustíveis aos Estados Unidos. Apesar das elevadas barreiras alfandegárias impostas pelo governo americano ao álcool brasileiro, o produto continua sendo bem procurado naquele país. O álcool está sendo misturado à gasolina em substituição ao MTBE, cujo uso foi banido em vários estados americanos.

Segundo Amaryllis, o bom resultado da balança comercial do agronegócio pode ser atribuído à alta dos preços do petróleo. Além da demanda maior por álcool combustível, muitos países produtores de petróleo aproveita a receita maior com a venda do produto para adquirir alimentos. Essa seria a razão das exportações crescentes de carne bovina. Além disso, aos poucos, as vendas com carnes de aves se recuperam, depois da temporada em baixa, por causa das notícias de proliferação da gripe aviária.

Quanto aos grãos, o petróleo também ajudou a recuperar em parte os preços dos grãos, também bem cotados por causa da demanda por soja para a fabricação de biodiesel

Números da balança

Nos primeiros sete meses deste ano, a balança comercial do agronegócio registrou um superávit inédito de US$ 23,033 bilhões. A cifra superou em 7,71% o recorde registrado em igual período do ano passado, de US$ 21,383 bilhões – segundo os dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, divulgados ontem. Segundo os técnicos da Secretaria de Relações Internacionais do Agronegócio (SRI), o saldo é o maior desde 1989 quando o ministério começou a contabilizar as exportações do setor.

O superávit registrado no acumulado do ano é resultado das exportações recordes que somaram US$ 26,595 bilhões, 9,6% acima do valor exportado no mesmo período do ano passado, e das importações que evoluíram 23,3% para US$ 3,562 bilhões.

Nos últimos 12 meses, encerrados em julho, o saldo está positivo em US$ 40,067 bilhões, 11,06% acima dos US$ 36,076 bilhões registrados no período anterior. Nesta comparação, as exportações brasileiras do agronegócio cresceram 11,9$% para US$ 45,923 bilhões e as importações aumentaram 17,9% para US$ 5,856 bilhões.

Em julho, houve também saldo recorde mensal de US$ 4,658 bilhões, 27,16% acima dos US$ 3,663 bilhões registrados em igual período do ano passado. No mês passado, as vendas externas do setor agrícola somaram uma cifra inédita de US$ 5,236 bilhões, um avanço de 28,6% sobre as vendas do mesmo mês do ano anterior, de US$ 4,072 bilhões. Influenciadas pela baixa do dólar ante o real, as importações cresceram 41,6% para US$ 578 milhões.

O setores de soja e sucroalcooleiro foram os segmentos que mais contribuíram para o incremento das exportações. Juntos responderam por cerca de 80% do total. As vendas do complexo soja ao mercado externo somaram US$ 1,438 bilhão, 32,9% maior que os US$ 1,082 bilhão de julho de 2005. Já as exportações do setor sucroalcooleiro cresceram 123,2% para US$ 1,034 bilhão, ante os US$ 463,4 milhões em julho de 2005.

Na direção contrária, as vendas externas de carnes caíram 15,3% em julho, de US$ 807 milhões para US$ 683 milhões. A exceção foi da carne “in natura”, cujas vendas cresceram 4,6% motivadas no período.