A região Sul e partes de Mato Grosso do Sul registraram geadas na manhã desta quinta-feira, incluindo importantes áreas de produção agrícola do Paraná, o que pode afetar a produtividade das lavouras, disseram meteorologistas.
Os relatos de agricultores, no entanto, indicam danos menores do que os registrados nas geadas do final de julho, disse o agrometeorologista da Somar Meteorologia Marco Antônio dos Santos, que cruza dados meteorológicos com informações recebidas das regiões produtoras.
“Não chegou a afetar tanto as lavouras de trigo do Rio Grande do Sul e do Paraná. As geadas foram tão localizadas que os danos foram muito pequenos”, disse Santos. “A massa de ar polar entrou mais fraca.”
Houve temperaturas abaixo e pouco acima de zero e céu claro no sul, no oeste e no norte do Paraná, segundo o Simepar, órgão de meteorologia que funciona dentro da Universidade Federal do Paraná.
“Em grande do Paraná a gente teve condição de formação de geada. A probabilidade é de 90 por cento. Pode não ter em determinada área, dependendo do terreno e do vento”, disse o meteorologista Fernando Mendonça Mendes.
O centro e o oeste do Paraná concentram boa parte das lavouras de trigo, que já sofreram com geadas no final de julho.
O Departamento de Economia Rural (Deral), do governo do Estado, estima que 62 por cento da safra de trigo do Estado esteja em fases de frutificação e floração, vulneráveis ao frio intenso.
As geadas do fim de julho reduziram o potencial produtivo da atual safra em 33 por cento, disse o Deral na quarta-feira.
O risco para algumas áreas de trigo, no entanto, é que a geada tenha ocorrido em áreas já afetadas anteriormente, maximizando o potencial de danos, principalmente no Paraná, disse a Somar.
A expectativa inicial era de que o Paraná produzisse cerca de metade do trigo a ser colhido este ano no país, dividindo a liderança da produção com o Rio Grande do Sul, onde também fez frio intenso nesta quinta-feira.
No Rio Grande do Sul, entretanto, as lavouras estão em fases mais iniciais de desenvolvimento e, portanto, menos suscetíveis às geadas desta quinta-feira.
O norte do Paraná é região de produção de café. A geada de julho derrubou a previsão para a próxima colheita em 62 por cento.
Meteorologistas e agrônomos lembram que após a ocorrência de geadas é preciso verificar os danos no local, e que eventuais impactos para agricultura demoram alguns dias para serem percebidos, já que as plantas não mostram sinais de problemas imediatamente.
“Ocorrências de geada aconteceram. O que impactou, é outra história”, lembrou o meteorologista do Simepar.
Segundo Santos, da Somar, houve relatos de geadas pontuais também em áreas de produção da cana-de-açúcar no sul de Mato Grosso do Sul.
Ele disse ainda que as temperaturas já começam a subir, descartando novas geadas para sexta-feira.