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Subsídios tentam barrar etanol do Brasil na Europa

A Comissão Européia distribui subsídios para tentar compensar a competitividade das exportações brasileiras de etanol. Com a ajuda estatal de mais de 3,7 bilhões de euros (R$ 9,24 bilhões) em benefícios, os projetos na área do biocombustível na Europa explodem.

Dados divulgados ontem indicam que pelo menos 191 novas usinas estão em construção no continente. Até o final de 2008, o bloco deve contar com pelo menos 342 complexos produtores de etanol e biodiesel.

Os cálculos, porém, alertam que a produção do biocombustível na Europa simplesmente não poderia ocorrer se não fosse pelos bilionários subsídios. Atualmente, 70% do valor do etanol é subsidiado, gerando um dos mercados mais distorcidos do mundo. Em muitos casos, a produção européia nem compensa financeiramente nem ambientalmente, e o fim dos impostos de importação poderia ser uma política mais eficiente do que conceder benefícios à produção local.

Tarifas ao produto brasileiro chegam a 63%

Do total de subsídios, cerca de 10% desse valor é dado aos produtores para que possam compensar as perdas com a concorrência vinda do Brasil. O biodiesel ainda recebe o dobro do concedido ao etanol, chegando a 2,4 bilhões de euros (R$ 6,1 bilhões). Isso sem contar a manutenção de altas barreiras contra o combustível verde-amarelo, que chegam a 63%. A competitividade brasileira, porém, está superando até mesmo essas barreiras. Em apenas três anos, as exportações do país passaram de 50 mil toneladas para mais de 1,2 milhão em 2006.

Os subsídios ainda permitiram que a Europa triplicasse a produção de biodiesel nos últimos três anos. A explosão deve continuar. No etanol, a Alemanha se tornou líder em 2006, superando Espanha e França. Os alemães, com seis usinas, planejam a construção de 19 plantas até 2010, chegando a 2 milhões de toneladas de etanol. A França deve chegar a 1,7 milhão de toneladas até 2010. No total, 112 usinas estão em obras pelo continente, 25 delas no Leste Europeu.

Para a Global Subsidies Initiative, que preparou o estudo baseado em informações oficiais da Comissão Européia, a tendência é de que os subsídios ao setor aumentem de forma considerável nos próximos anos. Atualmente, o etanol corresponde a apenas 2% do combustível usado na Europa. Para 2020, o objetivo é de que chegue a 10%.

Saiba maisOs europeus devem consumir 12,5 milhões de toneladas de biocombustíveis até 2010. Mas somente terão capacidade de produzir 9,9 milhões.