Os subsídios milionários concedidos anualmente para o etanol de milho nos Estados Unidos deveriam acabar, afirmou nesta manhã o presidente global da Nestlé, Peter Braback-Letmathe.
Segundo o executivo, um montante valioso de dinheiro é colocado na produção de um biocombustível conhecidamente pouco eficiente, o que tem contribuído para elevar os preços do milho negociado no mercado internacional e contribuído com a fome no planeta.
Braback liderou nesta manhã um painel de discussão na Rio+20 sobre a necessidade de aportes financeiros para o etanol à base de milho. Na ocasião, o presidente da Nestlé apresentou um relatório encomendado pela empresa que aponta erros na escolha desta matéria-prima como objeto de subsídio do governo americano.
Entre outros pontos, o documento mostra que os gastos acumulados estimados com subsídios a esse tipo de etanol serão de US$ 1,4 trilhão entre 2011 e 2035 – uma incoerência, na visão do executivo. “Sem essa ajuda, o etanol de milho seria inviável”, disse Braback.
Nos últimos meses, a Nestlé tem aumentando o lobby junto a governos e formadores de opinião para acabar com tais subsídios. O presidente da companhia atacou diretamente o governo de Barack Obama por não “fazer nada” em relação ao assunto. Washington tem rebatido as acusações, qualificadas como “infundadas”.
Os EUA produzem cerca de 60% de todo o milho do mundo. Cerca de um terço da matéria prima é destinada à produção de etanol.
A Nestlé compra 2 milhões de toneladas por ano de milho para a fabricação de seus produtos. Segundo o executivo, boa parte desse volume é utilizada no segmento de alimentação animal (mercado pet).
A alta geral das commodities agrícolas fez a empresa suíça registrar perdas de margem de até 4 bilhões de francos suíços.