Donos de 47,5% do mercado, os carros bicombustíveis atraem a atenção de qualquer montadora. Até mesmo as que não têm tradição de usar o álcool, como a Honda e a Toyota, vão oferecer motores flexíveis em, respectivamente, 2006 e 2007. A Fiat -que trabalha com o combustível alternativo desde 1979- amplia sua oferta, agora com o Stilo.
A opção de rodar com álcool, gasolina ou os dois será oferecida para o motor 1.8 de oito válvulas. Sua potência passou de 103 cv (cavalos) para 112 cv. O torque (força) também foi ampliado. O motorista conta com 17,8 kgfm, contra 17,0 kgfm do propulsor só a gasolina -além disso, a rotação a que esse valor é atingido caiu de 3.200 rpm para 2.800 rpm, o que ajuda na condução em trechos urbanos. Com o derivado da cana-de-açúcar, estão disponíveis 114 cv e 18,5 kgfm.
A principal vítima desse “upgrade” deve ser o próprio Stilo, mas na versão 16V. Ele tem 122 cv e 17,4 kgfm. Pior: custa R$ 8.590 a mais. “A escolha natural do cliente deve mesmo ser pelo oito válvulas”, reconhece Lélio Ramos, diretor comercial da Fiat.
Processo semelhante aconteceu com o Chevrolet Astra, cujo motor 16V deixou de ser oferecido depois da chegada do flexível. Ramos espera que a versão mais barata passe dos atuais 60% das vendas do hatchback para 80%. Hoje são comercializadas cerca de 950 unidades por mês. A fábrica espera que, com a adoção do motor flexível, esse número pule para 1.100 unidades -um aumento de aproximadamente 15%.
Deve contribuir para esse crescimento o fato de o Stilo não ter sofrido alteração de preço. Com ar-condicionado e computador de bordo de série, ele continua sendo comercializado por R$ 48,5 mil, enquanto o 16V sai por R$ 57.090. O preço do Astra -até então o único hatch médio bicombustível e que oferece até 128 cv- é a partir de R$ 48.633, também com quatro portas.
Com 7.593 vendas acumuladas entre janeiro e setembro deste ano, o Stilo passa a oferecer novos equipamentos com o novo motor. Entram para a lista de opcionais a regulagem elétrica dos bancos (R$ 4.948) e o ar-condicionado com ajuste independente de temperatura para o motorista e o passageiro (R$ 1.823).
Outros números
Passada a fase da comparação racional, o motorista que se preocupa com a performance tende a escolher o hatch da Fiat. Segundo os números da fábrica, o Stilo Flex chega a 100 km/h em 10,7s (10,9s com gasolina) e atinge, com álcool, 190 km/h (188 km/ h). O teste Folha-Mauá mostra que a aceleração do Astra, ainda que com câmbio automático, se dá em 10,9s -com gasolina, são 12s.
A cilindrada maior do Astra se reflete no consumo. No teste, o Astra foi capaz de rodar 6,2 km com um litro de álcool na cidade (ou 8,2 km/l com gasolina), enquanto o Stilo faz, segundo a Fiat, a média de 8,2 km/l (16,3km/l). Na estrada, o Chevrolet a álcool registra 10,8 km/l, ante 11,2 km/l do Fiat. (JOSÉ AUGUSTO AMORIM)