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Sousa tem gás natural e potencial de 15 mil barris/dia de petróleo

Resultados preliminares dos estudos feitos na Bacia do Rio do Peixe, em Sousa, indicam que a exploração do petróleo encontrado no local renderá 15 mil barris por dia – o que representa 10% do que é retirado hoje das bacias Potiguar (RN) e do Recôncavo (BA), porém com qualidade igual.

A garantia do exposto foi dada ontem, pelo presidente da HRT Petroleum, Márcio Rocha Melo, responsável pela coordenação científica das pesquisas em Sousa e na bacia Pernambuco-Paraíba (no fundo do mar). O resultado final do estudo deverá ser divulgado em um mês e meio.

“Porém, para que a área possa ser levada à licitação precisamos de um levantamento sísmico em terceira dimensão (3D), que custa US$ 5 milhões”, acrescentou o Phd em geologia que ainda disse acreditar que a Paraíba será um grande produtor de gás condensante.

As informações foram reveladas em audiência pública, realizada no Hotel Tambaú, e solicitada à Agência Nacional de Petróleo (ANP) pelo senador Ney Suassuna (PMDB), que esteve presente no ato. A ANP foi representada pelo diretor Vítor Martins e pelo geólogo Paulo Araripe. O prefeito de Sousa, Salomão Gadelha (PTB), e a prefeita de Monteiro Lourdinha Aragão (PDT) também assistiram à explanação de Márcio Rocha.

“Nós vamos brigar por esses recursos junto à ANP, que tem que arcar com a verba necessária para a continuidade de outros estudos. Sabemos que ela dispõe desse dinheiro, mas o Ministério da Fazenda está segurando e vou cobrar isso”, assegurou o líder no PMDB no senado, Ney Suassuna.

O senador lembrou que a exploração do óleo na bacia Potiguar rende ao Rio Grande do Norte 110 mil barris por dia, e que o montante arrecadado com a atividade é 2,5 vezes maior que toda a riqueza que a Paraíba produz – um barril de petróleo custa hoje US$ 55 dólares. “Vamos incluir a Paraíba na próxima rodada de licitação da ANP”, afirmou com entusiasmo o senador, acrescentando que o Estado deve caminhar para exploração de outras potencialidades, como o biodiesel e a luta pela transposição.

Para o diretor da ANP, Vítor Martins, não há dúvida de que o petróleo é de boa qualidade. “Confio no que diz Márcio Rocha e tudo nos leva a crer que há potencial de exploração em Sousa”, admitiu com uma certa cautela. Já o geólogo da agência, Paulo Araripe, disse que “como os resultados preliminares apontaram para a existência de um óleo de boa qualidade na área onde, inicialmente foi descoberto o petróleo em 2001, provavelmente a extensão de incidência do petróleo poderá ser ampliada”.

Agora, ressaltou o geólogo da ANP, “é impossível precisar a quantidade de petróleo que existe lá embaixo, daí a necessidade de um estudo adicional em 3D”. Paulo Araripe explicou que a perfuração de um poço é uma operação cara e de risco e só com uma comprovação científica bem apurada é que uma área poderá ser oferecida em licitação pela agência. “As companhias só se interessam na exploração de um lugar com essa certeza”, completou Márcio Rocha.

As duas pesquisas começaram em março. Da bacia do Rio do Peixe foram retiradas 1.500 amostras do solo, de uma extensão de 1.500 quilômetros quadrados, das quais 70% foram analisadas, ou seja, cerca de 800. O resultado inicial indicou presença de sistemas petrolíferos ativos em duas áreas de Sousa: no Sítio Sagüi e na Lagoa do Forno.

Para o prefeito do município em questão, Salomão Gadelha, a notícia vem em boa hora. “Nós vamos ser um Oásis no Sertão. Vamos passar de uma realidade de terceiro mundo para uma de primeiro mundo, sem passar pela segunda colocação”, analisou.

Da Pernambuco-Paraíba foram retiradas apenas 200 amostras do assoalho oceânico, mas a previsão é que fossem colhidas o dobro do número. “O trabalho foi feito muito próximo à costa e os resultados são promissores, apesar de não termos dado continuidade porque tivemos problema com o equipamento na costa”, disse o coordenador científico do estudo, o presidente da HRT Petroleum, alertando para o fato de que do outro lado do Oceano Atlântico, na África, há cinco anos não se exploravam o óleo mineral e por ano agora são retirados 800 milhões de barris.

Licitação

Em outubro deste ano acontecerá a 7ª rodada de licitações de áreas para exploração do óleo – o Rio Grande do Norte, a Bahia e Alagoas possuem áreas que estão inscritas neste bloco. Se os estudos realizados na Paraíba comprovarem à tempo a potencial de exploração das bacias do Rio do Peixe e de Pernambuco-Paraíba, pode ser que sejam incluídas na 8ª rodada, a ser realizada no próximo ano.

No País a atividade está presente no Ceará, no Rio Grande do Norte, em Sergipe, na Bahia, no Espírito Santo, no Rio de Janeiro, em São Paulo e no Amazonas. Segundo Márcio Rocha, há muito petróleo no Brasil. “Hoje retiramos cerca de 1,8 milhões de barris por dia, mas daqui há alguns anos seguramente essa quantia subirá para 2,5 milhões”, apontou.