Programa criado pela Embrapa é comercializado pela Ablevision. A Ablevision Sistemas Computacionais Ltda, empresa de São Carlos especializada em sistemas de visão computacional, começa a exportar este semestre a nova versão do e-Sprinkle, um software que avalia a deposição de gotas naturais ou artificiais em plantas, processo imprescindível para a aplicação de defensivos agrícolas.
Dados do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Agrícola indicam que a agricultura brasileira consumiu, de janeiro a novembro de 2000, o equivalente a US$ 2.175 milhões em agrotóxicos, dos quais, estima-se que 50% se percam por não atingirem o alvo desejado. As causas são várias, entre elas, a utilização de pulverizadores inadequados para a cultura.
O e-Sprinkle auxilia na escolha adequada de bicos e equipamentos de pulverização. A perda pode ser reduzida em 20% com a calibragem correta dos equipamentos. O software automatiza também o processo de contagem de gotas de irrigação ou chuva natural.
O software foi desenvolvido por técnicos da Embrapa Instrumentação Agropecuária, também de São Carlos, e oferecido em licitação a empresas privadas interessadas em comercializá-lo. A Ablevision ganhou a licitação há dois anos e desde então vende no mercado brasileiro o primeiro modelo do e-Sprinkle, que acaba de ganhar nova versão com maior precisão.
Explica Edson Minatel, diretor sa Ablevision, que o software da Embrapa dá precisão e rapidez a um processo utilizado obrigatoriamente na aplicação de defensivos. “O agrônomo precisa conhecer o tamanho e a distribuição das gotas do defensivo para saber se a plicação está correta”, explica. “Gotas muito pequenas evaporam antes de chegar à planta e gotas muito grandes escorrem para o solo e não cumprem o papel de proteger as plantas, além de causar danos ao ambiente e perda de dinheiro para o agricultor.”
Para medir a eficácia do uso, os agrônomos usam um papel hidrossensível onde é aspergido o defensivo. Os agrônomos, então, usam uma lente de aumento que confere gota por gota, no papel, o alcance do produto. “Além de demorado, o processo é impreciso pouco objetivo; cada pessoa analisa de um modo diferente”, diz Minatel. O software da Embrapa permite que as imagens do papel, digitalizadas, sejam lidas e interpretadas pelo computador, fornecendo as informações necessárias.
Segundo Minatel, o processo ficou mais preciso no modelo do e-Sprinkle que chega ao mercado nacional e começa a ser distribuído na América Latina (a empresa tem representantes na Bolívia, que vão atender Venezuela e México, e na Argentina), desenvolvido com participação do Instituto Agronômico de Campinas (IAC).
Para cada tipo de defensivo (herbicida, pesticida, etc.) existe um volume adequado de gotas. Na irrigação, o ajuste da vazão e do tamanho das gotas é importante na simulação da chuva natural da região de origem de uma determinada cultura. “Isso permite que os recursos hídricos sejam bem aproveitados, economizem energia na irrigação e melhorem a produtividade da cultura”, diz Minatel. “Os estudos de chuva natural estão relacionados ao controle de erosão e impacto folhear.” Segundo ele, estima-se que haja perda média de 30% do produto aplicado por falta desse controle. “Além de representar despesas inúteis e poluir o ar, o solo e a água, a aplicação errada não permite o controle das pragas e pode tornar ineficiente o uso de fertilizantes.
“Com dados da análise é possível determinar se o defensivo chegou a seu alvo (inseto, planta, etc.)”, diz. “Pode-se identificar problemas relacionados com o ajuste do pulverizador ou do irrigador como, por exemplo, bico aspersor desajustado ou inadequado e pressão imprópria, entre muitos parâmetros inerentes aos processos de irrigação e pulverização.”
O e-Sprinkle foi desenvolvido para ser usado por produtores rurais, pesquisadores e instituições de pesquisa e ensino, fabricantes de máquinas – para melhor ajuste do equipamento – e fabricantes de defensivos, para orientar a aplicação precisa de seus produtos. (www.gazetamercantil.com.br)