Mercado

Só crescimento interno

Uma nova onda de crescimento do setor sucroalcooleiro como a verificada entre 2003 e 2008, com novos projetos de usinas e destilarias, dificilmente ocorrerá no Brasil nos próximos anos. Na avaliação de analistas e especialistas, contudo, o setor não ficará estagnado. Ao invés de novos projetos, o setor deve continuar o movimento de consolidação por meio de várias fusões e aquisições, constantes deste o ano passado, bem como pelo crescimento e a capitalização das unidades já existentes.

Para Alexandre Enrico Figliolino, diretor comercial para açúcar e álcool do Itaú BBA, os investimentos agora serão dentro dos negócios, para acabar com gargalos, principalmente em logística, bem como em projetos de cogeração. O executivo citou como exemplo a parceria entre o Grupo Cosan e a América Latina Logística (ALL) para o transporte de açúcar e etanol por ferrovias. Segundo ele, os principais agentes da consolidação serão os grandes players mundiais, “os quais têm grande capacidade e podem se dar ao luxo de fazer investimentos em períodos anticíclicos”, explicou.

Entre os grandes players estão as petroleiras, na opinião de Eduardo Pereira de Carvalho, ex-presidente da União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica) e atual presidente da Expressão, empresa criada para, entre outras coisas, atuar em aquisições de usinas. “As petroleiras devem seguir o caminho da Shell, que se uniu à Cosan, da BP, que ensaia ampliar sua atuação no etanol brasileiro”, disse.

“Uma nova onda de investimentos e crescimento no Brasil deve depender, principalmente, de como será abertura dos mercados dos Estados Unidos e da Europa para o etanol”, completou. Ainda na opinião de Carvalho, no processo de concentração não haverá espaço para pequenas usinas e destilarias, que processam entre 1 milhão e 2 milhões de toneladas de cana por safra.

Mas analistas que debateram com o executivo no seminário Ribeirão Cana Invest, em Ribeirão Preto (SP), apontam outro destino para essas usinas: serem compradas por grupos nacionais. “Esse processo já está ocorrendo”, afirma Ana Paula Malvestio, da consultoria PricewaterhouseCoopers.