Mercado

Sinergias podem conjugar projetos de alcodutos

Os idealizadores dos três projetos bilionários de construção de alcodutos no Brasil já admitem aproveitar coincidências dos traçados previstos em suas obras para economizar recursos financeiros e ampliar o volume a ser transportado, segundo representantes das companhias envolvidas com atuação no país.

Ainda transportando a maior parte do etanol por rodovias, os produtores brasileiros veem nos alcodutos a melhor forma de elevar as margens de lucro. Além disso, podem resolver gargalos logísticos que ajudam a limitar as exportações do biocombustível. Os dutos também são considerados essenciais no transporte de etanol, a valores competitivos, desde o Centro-Oeste, nova fronteira da cana, até os principais centros consumidores do país e aos portos exportadores do Sudeste.

Estimativas apontam potencial de exportação, até 2025, de 25 bilhões de litros por ano, ante pouco mais de 5 bilhões em 2008. “Existem facilidades e dificuldades em cada um dos projetos. Ninguém vai ficar rasgando dinheiro. Naturalmente, vejo as empresas concorrentes em uma conjugação, não em fusões”, disse Alberto Guimarães, presidente da PMCC (sociedade entre Petrobras, Mitsui e Camargo Corrêa), operadora do primeiro alcoduto que deve entrar em operação, em 2010.

O duto da PMCC ligará Uberaba (MG), Paulínia (SP) e São Sebastião, no litoral paulista. O custo do projeto, que prevê outra saída de exportação por Ilha d´Água (RJ), além de ligação com a hidrovia Tietê-Paraná e interligação com Goiás, deve atingir US$ 1,5 bilhão, com a conclusão das obras de todas as fases em 2012. A PMCC prevê transportar, em um primeiro momento, 12 bilhões de litros ao ano – a produção total da região centro-sul do país em 2009/10 deverá alcançar 26 bilhões de litros.

Sérgio Van Klareven, presidente da Uniduto, controlada por usinas como Cosan, São Martinho e o grupo Crys! talsev, entre outros, também admitiu a possibilidade de uma conjugação de operações. “Percebe-se nos projetos que, em alguns pontos, eles seriam bastante parecidos”. Curioso é que a Uniduto surgiu para deixar as usinas menos dependentes da Petrobras, que tende a ser um grande player do segmento no futuro com previsão de produzir 3,5 bilhões de litros de etanol até 2013.

“Não devemos fugir de oferecer ao mercado um serviço de menor custo. Qualquer coisa nesse sentido, devemos analisar”, ressaltou Klareven. O projeto da Uniduto, com capacidade ainda indefinida, tem previsão de entrada em operação na safra 2011/12. Este também prevê passagem por Paulínia e um ponto de interseção com a Hidrovia Tietê-Paraná, como no caso da PMCC.

Rogério Manso, ex-diretor da Petrobras e atualmente na Brenco, grupo que deve iniciar produção em duas unidades neste ano e que também planeja construir um alcoduto, foi menos enfático ao falar sobre o assunto. Mas admitiu uma eventual conjugação ! de operações. “A grande questão é que tipo de projeto de convergência fazer que nos dê uma resposta [para o projeto ser atraente em termos de custos e confiabilidade]”, afirmou.

A Brenco, que planeja exportar dois terços da produção, estimada em 4 bilhões de litros em 2015, prevê um alcoduto para transportar 8 bilhões de litros ao ano, contando com o produto fabricado por outras empresas. O empreendimento deverá ligar o Centro-Oeste ao litoral.