A Fermentec, consultoria líder em fermentação alcoólica de Piracicaba (SP) e a Dedini Indústrias de Base, maior fornecedor mundial de equipamentos e plantas para o setor sucroenergético, anunciaram ontem no Simtec uma tecnologia inédita capaz de produzir etanol reduzindo o volume da vinhaça pela metade através do aumento do teor alcoólico na fermentação. Trata-se da Ecoferm, uma planta de fermentação de alto teor alcoólico.
Atualmente as usinas no Brasil trabalham com teor alcoólico entre 8% e 10%, emitindo de 10 a 12 litros de vinhaça por litro de etanol produzido. Já nesta novidade, foi possível conseguir uma fermentação com 16% de teor alcoólico sem prejudicar o rendimento, e com produção de 5 litros de vinhaça por litro de etanol. A economia na usina com o alto nível de fermentação pode chegar a R$ 4 por tonelada de cana moída.
Henrique Amorim, presidente da Fermentec, diz que essa inovação vem adicionar a sustentabilidade na produção de etanol no Brasil. “Conseguimos também reduzir em 50% o consumo de água tratada e economizar nos insumos”.
Ele explicou que há alguns anos, um pesquisador canadense o lançou um desafio: de conseguir trabalhar com o alto teor alcoólico como do etanol de milho. “Ao longo do caminho quase desisti porque o tempo de fermentação era muito longo e inviável. Mas nos últimos três anos contratamos profissionais para nosso piloto na Usina da Pedra e há dois anos, a Dedini foi a única empresa que nos procurou propondo parceria. Reciclar a levedura e fazer a levedura estabilizar em 16% fermentando nos diversos ciclos não é tarefa fácil. Há dois anos levávamos 40 ciclos para atingir esse número. Hoje chegamos a 16% com nove a dez ciclos, trabalhando com temperaturas mais baixas. Por isso a automação é imprescindível nesse processo”, lembra.
Dados das empresas comprovam que se as 435 usinas do país diminuíssem em 50% a produção de vinhaça, isso representaria uma redução de 160 bilhões de litros do resíduo por ano.
José Luiz Olivério, vice-presidente de Tecnologia e Desenvolvimento da Dedini explica que este novo conceito com alto teor alcoólico está baseado na redefinição da condução do processo de destilação com uma temperatura mais baixa, aliado a um novo projeto de fermentadores e de interligações sem pontos mortos, e um eficiente sistema de automação e controle de processo. “A condução do processo de fermentação à temperatura mais baixa e constante permite a obtenção de um maior teor alcoólico final, menores perdas de etanol e, portanto, maior rendimento fermentativo”.
Segundo ele, em determinadas épocas do ano a temperatura sobe muito no fermentador por isso é necessário reduzi-la para manter essa eficiência. “É necessário utilizar equipamentos para manter constante a temperatura do fermentador. Este controle de temperatura é feito através do uso de um chiller de absorção, o Ecochill, equipamento que não utiliza compressores, e tem baixíssimo consumo de potência e custo de manutenção. Dessa forma, integra-se a planta Ecoferm com os outros setores da usina e obtém-se uma otimização energética que garante a redução do volume de vinhaça sem diminuir o excedente de bioeletricidade a ser fornecido à rede de distribuição. Esse é um exemplo perfeito do virtuoso ciclo da inovação”, afirma.
Para validar o processo em escala industrial, as empresas implantaram uma planta de demonstração na usina Bom Retiro, de Capivari, do Grupo Cosan.