O mercado de seguros conhecido como energy, que engloba riscos de petróleo, embarcações e mineração está em um momento fantástico para as empresas que vão renovar seus programas de seguros, como a Petrobras, por exemplo. Temos excesso de oferta de capital em todo o mundo e a concorrência entre as seguradoras e corretores esta acirrada, diz Willian Lynch, especialista do grupo Aon, que promove a 10 Conferencia Latinoamericana de Seguros em Energia, em Buenos Aires, Argentina.
O interesse do grupo Aon – dono de uma das maiores corretoras e consultoria de seguros do mundo – pelo setor tem elevadas justificativas. Os investimentos previstos para o setor são de US$ 21,8 trilhões em todo o mundo até 2030. Na América Latina, a projeção é de US$ 1 trilhão no período. Do valor total, energia fica com US$ 11,6 trilhões, exploração de petróleo com US$ 4 trilhões, gás com US$ 4,2 trilhões e a construção de navios com US$ 600 bilhões, afirmou Michael Gosselin, vice-presidente da Liberty International Underwriters.
Um cenário realmente excelente para o setor, com preço em baixa, capacidade em alta e muitos investimentos que necessitam de seguro para dar sustentabilidade aos projetos, reforça Jan Munenthaler, responsável pelas operações de seguros do IFC (International Finance Corporation), do Banco Mundial. O IFC já investiu US$ 73 bilhões em mercados emergentes desde 1956 e o seguro tem se mostrado muito eficiente na liberação dos recursos e na recuperação financeira das empresas quando ocorre um acidente, diz.
Segundo Lynch, da Aon, o setor de energia movimenta prêmios anuais de US$ 4 bilhões. A grande perda aconteceu em 2005, com a ocorrência de quatro furacões com intensidade elevada. Mas foi o Katrina que causou boa parte das perdas de US$ 20 bilhões registradas no Golfo do México nas plataformas de petróleo. O efeito foi a saída de várias seguradoras do ramo, aumento do preço do seguro e conseqüentemente a redução de capacidade de capital para segurar os riscos Foi um momento difícil, mas as empresas conseguiram se recuperar rapidamente. Os ganhos obtidos em 2006 e 2007 foram suficientes para repor as perdas e por isso vemos agora um mercado com flexibilidade para negociações, acrescenta. O lado positivo foi que o mercado melhorou bastante de 2005 para cá. As petrolíferas melhoraram seus processos de gerenciamento de risco, as seguradoras seguem uma política de subscrição mais estável e as parcerias se mostram em contratos de longo prazo, diz.
A grande pergunta é se 2005 pode se repetir. Esperamos que não, mas este é um mercado sensível, diz. Segundo ele, algumas perdas ocorridas no inicio deste ano já preocupam o setor e somam US$ 4 bilhões. Entre elas as inundações em Queensland, o acidente com a refinaria de açúcar e os tornados nos Estados Unidos, bem como a explosão de uma refinaria no Texas.
Lynch chama a atenção para o aumento desproporcional entre prêmios e riscos segurados. Enquanto os prêmios se mantêm estáveis em US$ 4 bilhões, a base dos ativos segurados cresceu 40% de 2006 até agora, diz. Uma outra preocupação dos executivos é a falta de profissionais preparados para atuar no setor. A forte demanda em construção no mundo tem elevado os custos, gerado atrasos na entrega de projetos e cancelamento de outros por conta destes duplicarem ou triplicarem as estimativas iniciais, comenta Edson Wiggers, responsável pela área de energia da ACE na America Latina. Segundo Peter Connors, presidente da Zurich Global Energy, o prazo médio de construção de uma plataforma de petróleo esta entre 36 e 48 meses. Em todo o mundo, as plataformas somavam 2.128 em 1997 e passaram para 3.116 em 2007. Na América Latina, o numero de plataformas saltou de 277 para 355 no mesmo período. Quanto às seguradoras, em 1998 havia 120 atuando com riscos de energia e hoje restam menos de 50. Isso mostra a real necessidade de parceria entre segurados e seguradoras para que possam existir coberturas a preços adequados em bons e maus momentos.