A possibilidade de aumento do salário mínimo, de maior oferta de crédito ao consumidor, “um fenômeno comum em ano eleitoral”, dólar mais atraente, juros mais baixos e melhora nos níveis de emprego podem puxar este ano as vendas reais das fabricantes de alimentos brasileiras em cerca de 3,5%, a produção entre 4,5% e 5% e as exportações em 20%, segundo estimativas do presidente da Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação (Abia), Edmundo Klotz. O executivo divulgou ontem os números de 2005, com recorde no faturamento nominal, que atingiu R$ 184,2 bilhões, alta de 4,7% sobre o ano anterior. “Foi um crescimento mais expressivo do que a gente esperava.”
No ano passado, a produção total do setor subiu 3,6% ante 4,91% de 2004. Já as vendas reais cresceram 3,26%, bem abaixo também dos 4,27% de 2004, e foram prejudicadas pelo desempenho macroeconômico do País, com incremento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2005 estimado em 2,9% pela entidade. O endividamento da população, desemprego e renda baixa contribuíram decisivamente para essas quedas, avaliou o coordenador de economia da Abia, Denis Ribeiro.
O faturamento de 2005 foi alavancado pelos segmentos de derivados de carnes, que cresceu 6,2% para R$ 34,6 bilhões; chocolates, balas e cacau, 16,7% maior com R$ 6 bilhões; derivados de frutas e vegetais, 12,4% a mais para R$ 10,8 bilhões; açúcares, 12,3% superior com R$ 16,5 bilhões; e desidratados e supergelados, 10,1% a mais para R$ 3,5 bilhões. Os resultados negativos foram registrados nos segmentos de óleos e gorduras, 9,7 % menor para R$ 19,9 bilhões; e beneficiamento de café, chás e cereais, que caiu 0,7% e ficou em R$ 23,7 bilhões.
Em volume, as exportações aumentaram 8,3%, para 44,6 milhões de toneladas. Já em valor subiram 17,9%, alcançando US$ 20,1 bilhões. Os segmentos de carnes e miudezas comestíveis, com US$ 7,17 bilhões, “apesar da febre aftosa”, e açúcares e produtos de confeitaria, com US$ 4,1 bilhões, foram os principais destaques.