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Setor sucroenergético de PE a AL pede socorro a Brasília

Os governadores de Alagoas, Teotonio Vilela Filho (PSDB), e de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), se reúnem nesta quinta-feira (16), com a ministra chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, em Brasília, DF, para solicitar um financiamento de R$ 660 milhões que seria usado para sanar dívidas do setor sucroenergético dos dois estados nordestinos.

Do total solicitado, R$ 360 milhões seriam destinados ao pagamento de salários e R$ 300 milhões iriam para a quitação de débitos relativos ao fornecimento de cana. Em Alagoas, os fornecedores estão sem receber pela cana entregue desde dezembro passado.

Segundo o presidente do Sindicape (Sindicato dos Cultivadores de Cana-de-Açúcar no Estado de Pernambuco), Gerson Carneiro Leão, os plantadores de cana estão “quebrados”. “Dos 14 mil fornecedores de Pernambuco, 94% são de pequeno porte. São os que mais sofrem com a falta de pagamento que envolve 18, das 23 usinas do estado”, conta.

Leão afirma que o governo pernambucano liberou R$ 6 milhões para compra de adubos e fertilizantes para pequenos produtores que consomem até 2 mil toneladas do insumo. A compra já foi efetuada e deverá ser entregue nos próximos dias. O preparo do solo com adubos e corretivos, que já deveria ter começado para a próxima safra, será iniciado em maio.

“O Estado está fazendo o que pode. No entanto, o governo federal deve tomar medidas em favor do setor sucroalcooleiro. Eu vejo liberação de dinheiro para indústrias de automóveis, benefícios para bancos que cobram juros exorbitantes pelos empréstimos, entre outras incoerências. E nós, que fazemos parte do setor que mais emprega no País?”, indagou Leão.

Segundo o sindicalista, só os produtores de cana do Estado empregam 70 mil pessoas. Leão afirma que a defasagem de preço é outra preocupação que atinge a maior parte dos produtores do estado. “A defasagem foi de R$ 15 a R$ 20 por tonelada de cana na última safra. O reflexo disso é a demissão de empregados dos produtores e os problemas sociais que isso acarreta, disse.

Calamidade

De acordo com o presidente do Sindicato da indústria do Açúcar e do Álcool de Pernambuco, Pedro Robério Nogueira, a situação é considerada “calamitosa”. “O acúmulo de débitos prejudicou o planejamento financeiro das indústrias. A produção foi escoada, mas até chegar ao destino final, temos demanda de tempo. Com isso, as dívidas se acumularam e chegamos a situação em que vivemos atualmente”.

De acordo com lideranças dos dois estados nordestinos, a linha de crédito emergencial solicitada ao Governo Federal deverá evitar demissões na cadeia produtiva do açúcar e do etanol que, atualmente, emprega mais de 350 mil pessoas na região, possui aproximadamente 100 indústrias e conta com cerca de 18 mil fornecedores independentes de cana-de-açúcar. O encontro em Brasília será acompanhado pelo ministro das Relações Institucionais, José Múcio.