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Setor registra redução nas vendas, mas CNI mantém o otimismo

Os indicadores industriais de novembro interromperam a trajetória positiva dos meses anteriores e sinalizaram queda das vendas e horas trabalhadas. Apesar do recuo dos números, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) mantém o otimismo e aposta que os bons números permanecerão no início de 2007. “Foi apenas uma acomodação, uma parada técnica”, disse o economista Pedro Mol.

Em novembro, na comparação dessazonalizada, as vendas reais caíram 0,33% ante outubro. Sem o efeito sazonal, a queda foi maior, de 4,10%. Ele lembrou que as vendas haviam apresentado crescimento de 1,72% e 1,71% nos dois meses anteriores (outubro e setembro).

O indicador de horas trabalhadas, entre maio e outubro, apresentou seis meses consecutivos de crescimento, período cuja expansão somou 5,5%. Em novembro, entretanto, houve redução de 0,74% na comparação dessazonalizada e 3,04% sem o efeito sazonal. “Mesmo com essa queda é o terceiro ponto mais alto da série histórica”, disse Mol, referindo-se aos meses de outubro de 2006 e agosto de 2004 – o melhor da história.

Mol avalia que, a despeito da queda dos dois indicadores, não há sinais que apontem para o arrefecimento da atividade industrial. Para o economista, essa boa maré da indústria continua sendo sustentada pelo aumento da renda dos trabalhadores e do acesso ao crédito. O efeito dessa combinação é a elevação da capacidade de compra e, conseqüentemente, da demanda por produtos industrializados.

O melhor efeito dessa retomada está no emprego. Em novembro, a indústria brasileira comemorou o 12º mês consecutivo de aumento no número de vagas. Números apresentados pela CNI revelam que a oferta de postos de trabalho subiu 3,88% entre os meses de novembro de 2005 e 2006. Nesse período, o indicador teve expansão média mensal de 0,34%. Esse desempenho superou as expectativas da entidade.

Um dos motivos que explica a melhora do emprego por um ano consecutivo é a composição do crescimento industrial. Nos últimos meses, setores que apresentaram o melhor desempenho foram os que mais usam mão-de-obra, como alimentos, bebidas, álcool e demais derivados de cana-de-açúcar. Nesses ramos, afirma Mol, havia pouca ociosidade da força de trabalho, o que minimizava o espaço para mais horas trabalhadas quando houve aumento dos pedidos.

O coordenador da área econômica da CNI, Flávio Castelo Branco, lembra que o comportamento do emprego tem sido bastante heterogêneo. Alguns ramos industriais que também usam bastante mão-de-obra, como calçados e têxteis, apresentam queda no número de trabalhadores.

Outro indicador positivo é o que mede o uso da capacidade instalada. O número seguiu estável em 82% na comparação com outubro, no índice dessazonalidado. Essa relativa estabilidade revela, segundo Paulo Mol, a maturação de investimentos realizados há alguns meses e também algum ganho produtivo.