Em reunião realizada nesta terça-feira (26/3), representantes do setor sucroenergético pediram soluções governamentais para enfrentar o endividamento e a queda na produtividade do plantio de cana-de-açúcar nos últimos anos. Proposto pelo deputado federal Duarte Nogueira (PSDB-SP), o encontro, que aconteceu na Câmara dos Deputados, em Brasília, ganhou a adesão de vários parlamentares, incentivados por notícias de que nos próximos três anos, 60 das 330 usinas de etanol e açúcar da região Centro-Sul podem encerrar as atividades.
“Há uma perda da capacidade de 46 milhões de toneladas de cana-de-açúcar e uma quantidade enorme de desemprego. Um sexto das unidades produtoras em operação têm endividamento superior a R$ 100 por tonelada. Se o cenário não for invertido, haverá perda da capacidade produtiva equivalente a 100 milhões de toneladas nos próximos anos”, ressaltou Antônio de Pádua Rodrigues, diretor-técnico da Unica – União da Indústria de Cana-de-Açúcar.
O representante pediu ainda um plano de longo prazo para que seja realizada a captação de investimentos para o segmento, o que aumentaria a oferta de cana-de-açúcar, garantindo uma matriz energética menos poluente do que o petróleo e sem necessidade de importação.
Sobre as medidas já anunciadas pelo governo, como a desoneração do Programa de Integração Social (PIS) e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) sobre o combustível, Rodrigues alerta. “Vai melhorar no curto prazo, mas não garante o investimento. Precisa existir regra, trazer segurança aos investidores a exemplo do que está acontecendo com a infraestrutura”, disse.
Duarte Nogueira, que propôs o encontro, falou sobre as perspectivas da safra 2013/14. “O Brasil é referência mundial em energias renováveis e, além disso, o agronegócio sucroenergético tem um peso muito importante na balança comercial brasileira. Uma crise no setor poderá gerar um conjunto de reflexos negativos: queda na produção, elevação dos preços dos combustíveis, já que o etanol também é misturado à gasolina, aumento na poluição e perda de renda e emprego no campo”.
Representando o governo, Cid Caldas, diretor do Departamento de Cana-de-Açúcar e Agroenergia do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, apontou pontos que culminaram para a situação atual, como a crise financeira de 2008 e problemas climáticos. “O BNDES está à disposição. De 2007 para cá, o investimento passou de R$ 1,9 bilhão para R$ 2,8 bilhões. O governo viu que havia necessidade de aporte de recursos para melhoria no canavial”, disse.