O presidente da Uniduto, Sergio Van Klaveren, disse sexta-feira que, em abril de 2010, deverá ser iniciada a primeira fase do alcoolduto que ligará Sertãozinho, no interior de São Paulo, ao Porto de Santos, no litoral paulista. Segundo ele, nesta primeira etapa serão investidos R$ 1,8 bilhão para a construção de 600 quilômetros de dutos.
Ao final das duas fases, deverão ter sido investidos cerca de R$ 2,5 bilhões, e construídos 1 mil quilômetros de dutos. De acordo com Klaveren, participam do projeto da Uniduto 12 grandes grupos do setor sucroalcooleiro brasileiro, operadores de 81 usinas. A previsão é de que o duto já esteja em funcionamento na safra 2011/2012.
“Cerca de 95% do transporte de etanol é feito por meio de rodovias”, destacou Kleveren, ressaltando que este transporte é muito caro e que ainda são necessários muitos investimentos em infraestrutura para o setor. “Com o alcoolduto, o Brasil terá um produto muito mais competitivo”, avaliou o presidente da Uniduto.
Questionado se a crise financeira mundial afeta os planos da companhia, Kleveren disse que, apesar do arrefecimento econômico, a demanda por energia continua e as fontes energéticas precisam mudar para alternativas renováveis e menos impactantes ao meio-ambiente, como sugere o etanol. “Além disso, toda crise tem um período, e isso passa”, disse.
Duto da Brenco em 2010
O diretor de logística da Companhia Brasileira de Energia Renovável (Brenco), Adriano Dalbem, disse na sexta-feira que o alcoolduto da CentroSul (com-panhia pertencente a Brenco) que ligará Alto Taquarí (MT) ao litoral paulista, sairá do papel em março de 2010. No total, serão 1.120 quilômetros de dutos construídos. O projeto prevê ainda a construção de dois piers exclusivos para uso da companhia.
Segundo ele, para a execução do projeto serão investidos R$ 2,8 bilhões, sendo 30% deste valor proveniente da própria companhia e parceiros. Os 70% restantes virão de financiamentos. Dos 30% privados, 5% já foram investidos, disse Dalbem. O alcoolduto terá capacidade para 8 milhões de metros cúbicos de etanol e está previsto para começar a operar em fase de teste em setembro de 2011.
O alcoolduto trará solução para o transporte de etanol que será produzido em dois novos pólos anunciados pela Brenco nas regiões de Alto Taquari e Itajá (MG), com capacidade de produção de 2.300 mil e 900 mil metros cúbicos de etanol, respectivamente. As unidades devem ser finalizadas até 2014.
Obstáculos na exportação
O ministro do Departamento de Energia do Ministério das Relações Exteriores, André Correa do Lago, disse sexta-feira que ainda há grandes obstáculos para que o etanol seja aceito em outros países como alternativa de energia sustentável. “O biocombustível nunca é tratado, por outros países, como dentro do setor de energia, por isso, está sempre fora de contexto”, disse Lago, destacando que há uma propensão de ligarem o biodiesel ao setor agrícola, vinculando-o aos alimentos. “Isso é muito negativo, pois, muitas vezes acabam considerando sua produção como um risco para o setor alimentício. Nossos vizinhos, inclusive, têm sido muito ativos contra o biodiesel. A Bolívia chegou a pensar em proibir sua utilização por meio da constituição”.