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"Setor não é culpado por atrasos nos embarques de etanol", diz representante da Unica

Na primeira quinzena do mês de maio, rumores indicavam atrasos de até 30 dias nos registros de exportação de etanol, tanto para emissão quanto para liberação. Ainda segundo fontes da área, alguns navios estavam parados com o produto, sem autorização para viagem ou retorno ao país. O grande questionamento seria o aumento do custo logístico, já que para cada dia parado seria cobrada uma taxa de aproximadamente US$ 50 mil do exportador. Questionada sobre o assunto, a Alcotra, considerada líder mundial no comércio de etanol, negou ter qualquer problema dessa natureza.

Já o representante da Unica em Ribeirão Preto (SP), Sérgio Prado, informou que o setor sucroenergético não tem culpa dessa situação. “O que aconteceu é que o tempo de embarque com o período da nossa produção se desencontraram e a safra engrenou mesmo em abril. Essa é uma situação localizada, que não depende das usinas. E com o andamento da safra o problema já foi superado porque atualmente o volume produzido por mês supera o embarque do ano todo”, enfatiza.

Segundo ele, a entidade estima uma produção de 25,5 bilhões de litros de etanol nessa safra no Centro-Sul e uma oferta de 1,4 ou 1,5 bilhão de litros para as exportações.

Prado ressalta que a questão do navio esperar o produto ser fabricado, não é problema da usina. “Todo mundo sabe que nossa safra começa em abril e a cana tem um ciclo de maturação e depende de clima. No ano passado aconteceu o mesmo com o açúcar e algumas empresas alugaram navios e os deixavam parados esperando o produto ficar pronto, e isso não é um problema da estrutura da fabricação. Isso é uma questão que depende de mercado e não da Unica”, diz Prado.

Fontes afirmam que esses atrasos nos registros de exportação expedidos pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex), do Ministério do Desenvolvimento, seriam uma forma do governo “frear” as exportações para equilibrar o mercado interno. De acordo com Sérgio Prado, a entidade não vai discutir a questão do suposto “monitoramento” por parte do governo porque não houve nenhuma medida concreta sobre a questão e nenhum pronunciamento oficial.

Uma fonte de usina explica que não é possível fazer qualquer medida de restrição à exportação de etanol quando não se tem produto para vender, já que o setor está comprometido com o volume vendido no mercado interno. “O país deve consumir 24 bilhões de litros, se produzirmos 25,5 bilhões de litros, o excedente será de 1,5 bilhão apenas”, ressalta a fonte.