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Setor muda estilo de contratar e gerir as pessoas

“Eles não são empregados, são pessoas”, relembra a quem se faz de esquecido um dos papas das ciências sociais voltadas para a administração, Peter F. Drucker, da Califórnia, EUA. E mostra em um de seus artigos que sem que a maioria tenha prestado muita atenção duas tendências estão mudando rapidamente a forma como as empresas administram talentos.

Em primeiro lugar, diz Drucker, um número espantoso de pessoas que trabalham para empresas não é mais empregado tradicional dessas organizações. E, em segundo lugar, um número cada vez maior de empresas está terceirizando suas relações de emprego. Já não administram mais os principais aspectos de suas relações com as pessoas que são, formalmente, seus funcionários.

pior, prevê o cientista, é que essas tendências não devem se reverter tão cedo. Ao contrário, provavelmente vão se acelerar. E essa atenuação das relações entre as pessoas e as organizações para as quais trabalham representam um grave perigo para os negócios.

Uma coisa é uma empresa aproveitar um talento free lance por um bom tempo ou terceirizar os aspectos mais enfadonhos da administração de recursos humanos. Algo muito diferente e prejudicial é esquecer, nesse processo, que desenvolver talentos é tarefa mais importante, alerta. “Se, ao se desvencilhar das relações com os empregados, as organizações também perderam sua capacidade de desenvolver pessoas, elas terão feito, sem dúvida, um pacto com o diabo”.

Embora menos apocalípticos, cabeças pensantes da sociologia e administração brasileiras comungam de pensamento semelhante ao de Drucker.

Um deles é José Pascoal Muniz, do Grupo Cosan. Também atual presidente do Grupo de Estudos em Recursos Humanos na Agroindústria – Gerhai, Pascoal não esconde que anda um pouco preocupado com a terceirização na contratação de mão-de-obra. “Se você tem uma empresa em condições de fornecer um capital humano melhor que o seu, ótimo. Mas quando a terceirização aparece como uma alternativa para redução de gastos isso acarreta problemas porque os empreiteiros tendem a não abrir mão de seu lucro e acabam contratando pessoas sem registro, desqualificadas e, o que é pior, sem lhes dar as mínimas condições de trabalho. O fato é que o ramo precisa deixar de justificar mão-de-obra barata como item de competitividade e passar a investir na valorização do ser”, reivindica.

Confira matéria completa na edição de maio do JornalCana.

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