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Setor diz que não repetirá Brasil Álcool ao reter produto

A intenção das usinas de álcool do Centro-Sul de retirar e estocar 1 bilhão de litros do combustível nesta safra não tem semelhança alguma com a operação que criou a Brasil Álcool em 1999 para recuperar os preços, segundo usineiros da região de Ribeirão Preto. Na época, a Brasil Álcool, empresa formada por mais de cem usinas da região, criou a Bolsa Brasileira de Álcool (BBA) com o objetivo de enxugar cerca de 1,2 bilhão de litros do produto do mercado. Mas o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), órgão do Ministério da Justiça, considerou que a empresa feria a lei da concorrência ao concentrar a comercialização e determinou sua extinção. O Cade entendeu que a crise do setor era de natureza estrutural (excesso de oferta), e não meramente conjuntural. A nova estratégia das usinas, que deverá ser anunciada pelo setor na próxima semana, ainda não tem o respaldo de boa parte das empresas. Muitos usineiros ainda estão reticentes quanto à eficácia – e lucratividade – de manter álcool em estoque para recuperar os preços, que estão próximos do custo de produção. Empresários da região de Ribeirão Preto dizem que os detalhes da nova operação ainda estão sendo analisados pelo setor. A proposta inicial é disponibilizar para uma ou mais tradings um grande volume de álcool para que os operadores negociem o produto em até três anos. Este álcool seria negociado individualmente, não caracterizando um cartel, como foi vista a criação da Brasil Álcool pelo Cade. Durante este prazo, as usinas seriam depositárias do álcool que, teoricamente, não existiria para o mercado interno. Esse 1 bilhão de litros se somaria aos 600 milhões de litros previstos para serem exportados na atual safra, 2002/03, 50% a mais que os 400 milhões de litros exportados na safra passada. Segundo fontes da União da Agroindústria Canavieira (Unica), as tradings teriam volume garantido de álcool por um prazo mais longo, o que deveria facilitar o fechamento das vendas. A falta de garantias sobre o futuro do combustível estocado tem deixado em dúvida algumas usinas sobre a conveniência da operação, principalmente as menos capitalizadas. Fontes da Unica alegam que a operação surtiria pouco efeito sobre os preços do álcool a curto prazo. “Esta operação não está sendo criada porque o preço está muito baixo”, comentou uma fonte da Unica. Segundo ela, seria apenas uma tentativa de se abrir novos mercados. (Udop)