Apesar de terem ensaiado uma aproximação, o setor sucroalcoleiro e a candidata à presidência da Republica Marina Silva (PV) ainda divergem. As diferenças ficaram claras em encontro da presidenciável, nesta terça-feira (27), com produtores e empresários do setor, na sede da União da Indústria de Cana-De-Açúcar (Unica), em prédio da zona sul de São Paulo.
Apesar de concordarem em pontos como uma produção focada em menos emissões de carbono, a candidata verde e membros da Unica discordam em um aspecto polêmico: o Código Florestal brasileiro. Enquanto a ex-ministra do Meio Ambiente exige, de acordo com o documento, que haja recomposição das áreas desmatadas dentro de cada propriedade, o setor se opõe e defende que haja reposição em outros lugares, longe das áreas agricultáveis.
“A principal divergência é que o que ela cobra, por exemplo, é que haja uma recomposição de mata dentro de cada propriedade. Pedem que 20% seja mata, e se está desmatado, você tem de recompor. A posição dela é que deve haver recomposição na propriedade. A posição da Unica é que se poderia recompor em outro lugar”, explicou Adhemar Altieri, diretor de comunicação da Unica.
A Unica considera injusto, por exemplo, que o dono de cada propriedade com área desmatada seja obrigado a replantar. “Isso envolve áreas que estão sem mata alguma há um século. E quem comprou isso há 20 anos e é obrigado e recompor. Não se pode criar uma lei retroativa e a lei está retroagindo”, critica Altieri.
A briga não é pequena. O que está em jogo para o setor do agronegócio não é pouco. Só no Estado de São Paulo, se cumprissem o que exige o código, seria uma perda de mais de 3 milhões de hectares produtivos, segundo a Unica. “Pode até inviabilizar algumas propriedades rurais”, acrescentou Altieri.
O presidente da Unica, Marcos Sawaya Jank, concordou que há pontos a serem aprimorados, especialmente na preocupação com as áreas a serem cultivadas e outras de proteção ambiental.
Ele lembrou ainda que enquanto o setor é responsável pela ocupação de 8 milhões de hectares, o setor da pecuária ocupa 200 milhões.
O documento entregue à Marina pela Unica já havia sido entregue aos candidatos Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB) e contempla pontos de proteção das propriedades agrícolas, uniformização das alíquotas de ICMS, políticas de estímulo ao uso do etanol, como combustível, criação de linhas de crédito específicas aos produtores independentes, apoio à tecnologia que reduz o custo de produção na lavoura, entre outros.
Na reunião, estiveram presentes o vice Guilherme Leal, o candidato ao Senado em São Paulo pelo PV Ricardo Young, o candidato ao governo paulista, Fabio Feldmann, e os candidatos a deputado federal Ana Paula Junqueira e Luciano Zica, também responsável pela agenda de Marina. (Marsílea Gombata)