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Sem queima, moagem da cana cai até 40%

Após dez dias, completados nesta quinta-feira, da suspensão imposta pelo Estado para a queima da palha da cana-de-açúcar à região de Ribeirão Preto (314 km a norte de São Paulo), usineiros prevêem queda da moagem da cana de até 40% nas empresas que têm pouca mecanização na colheita.

No final de julho, quando houve a primeira suspensão, a estimativa era de 30%.

Hoje, a umidade de Ribeirão voltou a cair, para 14,4% às 17h, o que mantém a proibição às queimadas em canaviais da microrregião. O Estado voltou a proibir a queima em Barretos (424 km a noroeste de São Paulo). Ontem, quando houve uma melhora no índice de umidade, haviam sido liberadas queimadas em Barretos e Araraquara (273 km a noroeste de São Paulo), entre 20h e 6h.

Hoje, porém, a umidade caiu novamente em Barretos e o Estado voltou a proibir a prática de forma integral.

Produção em queda

Nesses dez dias sem queima, a queda na moagem deve chegar a 40%, mas, para a maioria das usinas, o déficit deve ficar em torno de 10% ou 20% porque elas colhem 40% da cana com colheitadeiras.

A estimativa acima é do usineiro Maurilio Biagi Filho, que também é consultor da Unica (União da Agroindústria Canavieira do Estado de São Paulo).

Biagi Filho afirmou que, além da queda na produção, a colheita da cana crua (não queimada) dificulta o processo industrial porque manda para a moagem entulho, terra e palha. “O que também prejudica é que esses meses são os mais ricos para a cana. A cana colhida agora, de julho a setembro, é que tem rendimento maior.”

Outra perda fica para o bóia-fria, segundo o usineiro. Com a cana crua, o trabalhador corta uma quantidade três vezes menor. Essa diferença pesa no bolso do setor. O trabalhador ganha R$ 2,78 pela tonelada da cana queimada e R$ 5,60 pela cana crua, que é mais trabalhosa para o corte. A diferença foi acordada em dissídios coletivos. “O trabalhador está ganhando menos e as empresas, por sua vez, tendo que pagar mais pelo valor da cana”, afirmou Biagi Filho.

Novos critérios

O Estado divulgou novos critérios para revogar ou liberar a queima. Será considerada a taxa de umidade marcada às 15h de cada dia, mesmo que em outros horários do dia o percentual seja menor.

A queima é liberada à noite nas regiões com umidade entre 20% e 30%, desde que por três dias consecutivos. Abaixo de 20% de umidade, como é o caso de Ribeirão, a queima da palha permanece proibida em qualquer horário.