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Sem as usinas do Madeira, custos sobem R$ 6 bilhões

A substituição do complexo pelas térmicas também aumentaria emissão de gases poluentes. A falta de licenças ambientais para a construção da hidrelétricas de Santo Antônio e Jirau, no Rio Madeira, aumentaria os custos de geração de energia elétrica em R$ 6 bilhões até 2015. O cálculo foi apresentado ontem pelo presidente da Empresa de Pesquisa Energética, Maurício Tolmasquim, no 11º Congresso Brasileiro de Energia. De acordo com Tolmasquim, para gerar os 6.450 MW que entrarão no sistema elétrico nacional com a construção das duas usinas, será necessário optar por termelétricas a gás, a carvão e a óleo, usinas a base de biomassa, Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCH) e a hidrelétrica de Marabá.

O presidente da EPE garantiu que o grande penalizado caso Jirau e Santo Antônio não saiam do papel será o consumidor. “Alguém tem que pagar a conta e o custo seria repassado para o consumidor”. Tolmasquim evitou estabelecer um parâmetro de aumento para as tarifas, já que cada distribuidora tem uma base de cálculo específica para determinar os preços.

Mas o impacto do aumento de custos não será o único caso as usinas do Rio Madeira não entrem em operação. Tolmasquim revelou ainda que a emissão de gases poluentes também aumentará caso a opção seja pelas térmicas, mais poluentes que as hidrelétricas. Segundo dados da EPE, a atmosfera receberá 60 milhões de toneladas anuais de dióxido de carbono (CO2) das termelétricas em 2014, contra 45 milhões de toneladas caso Jirau e Santo Antônio sejam construídas.

“Do ponto de vista ambiental, que é um dos grandes argumentos para as hidrelétricas não serem construídas, seria pior,” argumenta Tolmasquim. As usinas do Rio Madeira prevêem um alagamento de 0,08 quilômetro quadrado para cada megwatt gerado.

Na terça-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que pretende destravar os projeto de Santo Antônio e Jirau, e de Belo Monte, no Xingu, que geraria outros 11 mil MW quando estiver pronta. A construção, segundo o presidente da EPE, começaria em 2014. Tolmasquim evitou, no entanto, dizer que o estudo é uma forma de pressão para que as hidrelétricas sejam construídas. “Estou apenas apresentando um estudo para ajudar na decisão”.

O presidente da Eletrobrás, Aloisio Vasconcelos, espera que as usinas sejam liberadas para construção ainda este ano. O executivo revelou que a estatal vai lançar edital no dia 30 para que a Manaus Energia e a Companhia Energética do Amazonas passem por um processo de fusão ou incorporação.

Vasconcelos disse que o processo, em estudo pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), não significa que as companhias serão privatizadas.