Mercado

Seguro de performance amplia chance de crédito

A captação de recursos no mercado tornou-se uma tarefa árdua para as empresas brasileiras em 2002. As incertezas políticas e econômicas durante o período pré-eleitoral fizeram com que as instituições financeiras puxassem o freio de mão e passassem a exigir mais garantias para liberar empréstimos.

Mesmo mais capitalizadas, as usinas de açúcar e álcool também passaram pelos mesmos critérios de avaliação que a maioria das grandes companhias do país. A favor das usinas sucroalcooleiras está o seguro de performance, ou a garantia de obrigações contratuais. Trata-se de uma apólice que garante empréstimo antecipado para capital de giro às empresas, assim como o Adiantamento de Crédito de Câmbio -ACC, tradicional instrumento das agroindústrias brasileiras para exportação. “A vantagem é que os custos com seguro de performance são mais baixos que os tradicionais instrumentos

oferecidos no mercado”, diz Renato Godoy, gerente comercial da QBE Brasil Seguros.

Segundo o executivo, a demanda por seguro de performance entre as usinas de açúcar e álcool tem crescido no Brasil desde 1998, ano marcado pela superoferta de cana-de-açúcar no País. “Temos 18 usinas como clientes”, diz.

Tradicionalmente, segundo Godoy, as usinas fazem o seguro de performance quando fecham grandes contratos para exportação. “A QBE funciona como uma espécie de avalista para as usinas”, explica o gerente da seguradora.

Ao fechar o seguro de performance – os custos variam de acordo com o valor que será captado no mercado, mas ficam 2,25% ao ano mais baixos que os valores praticados pelas instituições financeiras – as empresas captam esse dinheiro com as tradings e instituições financeiras, com a apólice como garantia. “Com o seguro em mãos, fica mais fácil liberar o dinheiro”, diz.

A procura por instrumentos de captação de recursos mais baratos tem crescido, o que inclui as usinas sucroalcooleiras, afirma Godoy. Segundo o executivo, o prazo do financiamento é exatamente o mesma que o período de vigência de contrato de exportação fechado pela usina. Ou seja, se uma indústria do setor fecha um contrato de exportação de açúcar em novembro para a entrega em dezembro do ano seguinte, esse prazo fica valendo também para a seguradora.

De acordo com Júlio Maria Martins Borges, diretor da JOB Economia e Planejamento, a sazonalidade da safra de cana-de-açúcar – com seis meses de moagem para 12 meses de comercialização – obriga as empresas a buscar capital de giro no mercado para bancar seus estoques na entressafra.

O governo federal aprovou no segundo semestre financiamento para estocagem de álcool. No entanto, a liberação dos recursos ainda não ocorreu. “As usinas precisam de financiamento para a estocagem de açúcar e álcool durante a entressafra. Assim, podem negociar seus produtos a preços mais remuneradores”, diz Godoy.

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