A falta de chuvas já prejudica o plantio de grãos em áreas próprias ou de rotação cultural da cana-de-açúcar em Ribeirão Preto e
nos municípios da região. O agricultor geralmente utiliza os meses de
setembro e de outubro para semear e cultivar sementes de milho, soja
e sorgo para as chamadas safras das águas. Neste ano, por conta da
escassez de incidência pluviométrica, o produtor rural tem preferido
retardar os tratos culturais.
O Núcleo de Produção de Sementes de Ribeirão Preto, pertencente à
Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento, ilustra a
situação. Hoje pela manhã, os depósitos da unidade contavam com cerca
de três mil sacas de 20 quilos de sementes de milho, a principal
cultura comercializada no local. “Em anos com chuvas regulares, a
maioria desse volume já teria sido vendida”, diz o diretor Paulo
César Guarnieri.
Até hoje cedo, a Unidade de Produção tinha entregado cerca de
sete mil sacas para as Casas da Agricultura localizadas em 40
municípios atendidos pelo estabelecimento. Não significa que o
agricultor tenha comprado os grãos. Relutante diante a escassez
hídrica, ele tem preferido evitar a aquisição e estocagem em sua
propriedade agrícola. Essa estratégia também decorre do fato de o
preço da saca estar estabilizado até meados do próximo ano.
Segundo Guarnieri, o fato de as vendas de sementes estarem abaixo da
média não significa que o agricultor desistirá do plantio. Ele vai
optar pelo plantio com atraso, mesmo que a produtividade seja baixa.
Os técnicos da Secretaria da Agricultura avaliam o impacto do atraso
do plantio na próxima safra das águas, quando a colheita geralmente é
feita entre os meses de março a final de abril. A produtividade
histórica em Ribeirão Preto e região fica entre 80 a 85 sacas médias
de 60 quilos de milho.
Em épocas normais, a Unidade de Produção comercializa entre 10 a 12
mil sacas de sementes de milho, o que representa 8% da venda total de
sementes da Secretaria da Agricultura no estado de São Paulo.
Além da falta de chuvas, outra explicação para a baixa na procura das
sementes de milho é que o agricultor regional tem preferido cultiva a
soja, que tem tido preços mais atraentes no mercado internacional.
Conforme Guarnieri, fica difícil a Unidade de Produção de Sementes
mensurar o avanço de sojicultores na região porque o estabelecimento,
que também produz sementes de soja, neste ano está sem a oferta da
matéria-prima. “Por conta da falta de chuvas, não conseguimos
desenvolver sementes com qualidade e, assim, deixamos de oferecê-la”,
observa.
O plantio de soja, segundo ele, é mais tardio em relação ao milho e
pode ser feito entre o final deste mês a até dezembro. A colheita, no
entanto, depende do tipo da variedade plantada. Se for da precoce,
pode ser colhida em março. Essa variedade tem sido a preferida dos
produtores rurais da região de Ribeirão Preto. A produtividade
regional tem ficado em 50 sacas de 60 quilos por hectare.
Conforme o último balanço hídrico do solo divulgado Centro Integrado
de Informações Agrometeorológicas – Ciiagro -, do Instituto Agronômico
da Secretaria da Agricultura, as condições de manejo de solo em
Ribeirão Preto são desfavoráveis.
Segundo o levantamento, a temperatura média do solo no município
registra 28,7 graus centígrados, o armazenamento tem ficado em 22
milímetros – mm -, e há uma deficiência de 24 mm para a agricultura
tornar-se viável. Entre os dias 7 a 13 deste mês, o órgão não
registrou chuvas na área agrícola de Ribeirão Preto.