Previsões do governo americano de um aumento de 4% nos preços de produtos alimentícios para os consumidores impulsionaram as críticas ao apoio de produção de combustível a partir do etanol derivado do milho. Uma pesquisa publicada pelo New England Complex Systems Institute (Nesci) advertiu que uma crise iminente de produtos alimentares pode ocorrer por conta da transformação de grãos de milho em etanol.
– O Nesci avisou há meses que a conversão não-estudada de comida em etanol, somada à especulação aleatória de commodities, criou uma bolha nos preços dos alimentos, o que levará a um ápice inevitável em 2013. Agora parece que o “choque da colheita” irá chegar mais cedo devido à seca, a menos que medidas para restringir a produção de etanol e frear os especuladores sejam adotadas imediatamente – constataram os pesquisadores.
Em sua mais recente estratégia, os produtores do país convocaram a Enviromental Protection Agency (EPA) para suspender as cotas deste ano para a produção de etanol.
– As circunstâncias extraordinárias e desastrosas expostas pelos produtores de gado e aves durante a seca corrente no coração das nossas regiões de plantação de grãos requerem que todas as medidas relevantes sejam exploradas – afirmou a petição dos fazendeiros à EPA.
– Estamos preocupados com a quantidade de milho, soja e outros grãos para alimentar nossos animais – disse Randy Spronk, presidente da National Pork Producers Association.
Produtores já estavam reduzindo as expectativas de lucro, e alguns poderiam até encerrar atividades, afirmou John Burkel, presidente da Minnesota Turkey Grower’s Association. De acordo com o programa-padrão de combustível sustentável da EPA, as companhias de petróleo devem diluir a gasolina produzida com quantidades crescentes de biocombustível a cada ano. O previsão desse ano exige a produção de 13,2 bilhões de galões de biocombustíveis – quase todos derivados do milho.
A demanda por etanol de milho foi vista como uma peça chave para crise de alimentos de 2007 e 2008. Cerca de 40% da plantação de milho nos Estados Unidos deu origem a etanol no ano passado – embora as refinarias vendam posteriormente o “grão destilado” como ração para animais.
Mas com as expectativas de uma colheita mais modesta neste ano, há temores de que o etanol irá consumir uma fração ainda maior das plantações. Isso irá deixar os preços do milho fora do alcance para os produtores de animais, bem como para os países que dependem de grãos importados.
Produtores de etanol já diminuíram a expectativa da colheita em mais de 15% neste ano, e muitas refinarias por todo o Meio-Oeste fecharam em decorrência dos altos preços do milho. Mas a National Corn Growers Association declarou que a suspensão do incentivo ao etanol seria “prematuro”.
The Guardian