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São Martinho muda gestão e deve investir US$ 2 bilhões

O grupo paulista São Martinho decidiu profissionalizar 100% sua gestão. João Guilherme Ometto, um dos principais acionistas da usina e o último membro da família Ometto a ocupar cargo executivo no grupo, deixa a presidência para assumir o conselho de administração. Ometto passa o bastão a Fábio Venturelli, ex-diretor da Dow Química, que terá em suas mãos o desafio de triplicar o tamanho da companhia até 2020. Os investimentos para promover essa expansão estão previstos em US$ 2 bilhões.

A decisão de profissionalizar o grupo foi tomada em 2000, quando o segmento sucroalcooleiro saiu de uma de suas piores crises financeiras. Àquela época, a família Ometto tinha duas saídas: a venda de suas usinas ou promover mudanças estruturais na companhia.

“O grupo optou por promover um processo bem-estruturado de reorganização da São Martinho”, afirma João Carvalho do Val, principal executivo financeiro (CFO) e diretor de relações com o mercado da companhia. “Foi nesta época que a abertura de capital da companhia começou a ser discutida.”

Oito anos depois, o grupo começa a colher os resultados de sua estratégia meticulosamente traçada pelos acionistas. A estréia no Novo Mercado da Bovespa, em fevereiro de 2007, surpreendeu a concorrência, mas a saída da São Martinho da Copersucar, a qual foi uma das usinas fundadoras da maior cooperativa de açúcar do mundo, surpreendeu ainda mais. “Precisávamos ter uma independência total de nossa gestão comercial”, afirmou João do Val.

Em outubro do ano passado, Fábio Venturelli chegou à empresa contratado como vice-presidente. Mas, desde o início, ele já sabia que sua função no grupo seria a de CEO. Jovem, 42 anos, com uma carreira bem-sucedida na Dow Química no Brasil e nos EUA, o executivo dará continuidade ao processo de expansão do grupo. Helder Luiz Gosling, ex-ED&F Man, foi contratado para assumir a diretoria comercial da empresa.

Com três usinas em operação, a São Martinho, com sede em Pradópolis (SP), deverá construir uma nova unidade – o local não foi definido – e poderá fazer novas parcerias para promover seu crescimento. Hoje a companhia japonesa Mitsubishi Corporation detém 10% da usina Boa Vista, em Goiás.

Com seus planos de investimentos, a São Martinho pretende alcançar volume de 30 milhões de toneladas de cana processadas em 2020. Nesta safra 2008/09, a estimativa é moer 11,2 milhões de toneladas. Esses volumes de moagem e aportes poderão crescer no meio do caminho.

Para expandir seus negócios, a empresa pretende fazer parcerias, mas nega negociações neste momento. E descarta fusões, como a ventilada no mercado com a recém-formada gigante Santelisa Vale, de Sertãozinho (SP). Também nega que esteja reforçando parceria com sua atual sócia japonesa Mitsubishi, que foi até apontada como compradora da empresa.

Venturelli sabe que seus desafios no setor e na companhia não serão poucos. Mas disse que está preparado. “O processo de reestruturação da companhia foi concluído. Temos nas mãos uma empresa moderna preparada para crescer.”

Neto de Catarina Ometto, a primeira da família italiana a desembarcar no Brasil, no final do século XIX, João Guilherme Ometto será presidente do conselho. Seu primo, Luiz Antônio Cera Ometto, que era o presidente, torna-se conselheiro. Os dois também são primos de Rubens Ometto, à frente da gigante Cosan, que não tem participação direta na São Martinho.

Com faturamento bruto de R$ 787 milhões, o grupo é controlado por três holdings: a de João Guilherme , com 25,2%, a de Luiz Ometto, com 25,2%, e a de Nelson Ometto, com 10,2%. O restante das ações está diluído entre acionistas minoritários e mercado.