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São João de Araras estréia na exportação de energia elétrica

As novas regras fiscais paulistas já estão em vigor
As novas regras fiscais paulistas já estão em vigor

A safra 2015-2016 da Usina São João (USJ) de Araras (SP) marcará a estreia da unidade na venda de excedente de energia elétrica cogerada.

“A comercialização será possível a partir dos investimentos feitos pelo grupo USJ na aquisição de caldeira nova”, diz o diretor executivo da companhia, Narciso F. Bertholdi.

Para a próxima safra, a unidade do interior paulista deverá moer 3,3 milhões de toneladas.”Poderemos superar essa oferta com ganhos de produtividade agrícola se houver boas condições climáticas”, comenta ele, lembrando que a meta da unidade é obter 3,5 milhões de toneladas.

O mix da próxima safra da unidade será direcionado para o açúcar. “Isso, apesar de entendermos que o cenário de 2015 ainda é um pouco confuso com relação à rentabilidade do produto.”

Bertholdi explica que há hoje uma espécie de zona de conforto com a possibilidade de “hedgear” açúcar em Nova York. “Diante da pressão sobre os preços, a paridade cambial nos dá uma certa tranquilidade de hedge no médio e longo prazo.”

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Narciso F. Bertholdi, diretor executivo da USJ

Conforme o executivo, o etanol também conta com fundamentos importantes para 2015. “Há o aumento da mistura de anidro à gasolina, o ajuste da Cide sobre a gasolina e, principalmente, a redução do ICMS como já ocorre em Minas Gerais”, comenta. “Isso certamente irá gerar demanda, que é o fator importante para o equilíbrio em uma estrutura entre custo e rentabilidade.”

Em sua opinião, a safra que vem terá remuneração para os fornecedores de cana igual ou um pouco melhor que 2014. “O cenário deverá incentivar produtores a crescerem neste mercado, em detrimento de outras commodities agrícolas que também estão sofrendo muito.”

“Eu acredito ainda que, apesar do momento que passamos no país e no mundo, com alguns desconfortos em relação ao crescimento econômico e com a questão do preço do petróleo, o setor tem boas perspectivas.”

“Não será um ano simples, um ano fácil. Mantemos nosso foco em adequações e redução de custos, dentro do que é possível, e ganhos de eficiência e produtividade, em especial na área agrícola”, comenta.

“A área agrícola certamente faz a diferença no sucesso do negócio sucroenergético.”

A área agrícola, aliás, estreará na safra 2015-16 outro resultado de investimentos do grupo: o monitoramento online da frota do Corte, Transbordo e Transporte (CTT). “Isso é resultado de investimentos feitos durante três anos até 2014, que fecha o programa, ligado a georreferenciamento, agricultura de precisão e monitoramento eletrônico de frota”, diz o executivo.

Ganhos em ATR

2003-06-11 Usina Sao Joao Araras (4)Com 70 anos completados em 2014, a Unidade São João (USJ) de Araras encerrou a safra 2014-15 com perdas de produtividade, mas com compensação em termos de ATR.

Segundo Narciso F. Bertholdi, diretor-executivo da companhia, o forte déficit hídrico resultou em significativa perda de produtividade na cana própria e de fornecedores. “Isso apesar dos investimentos feitos ano após ano em renovação de canaviais, estruturação de trato culturais e variedades com maior potencial produtivo.”

Apesar da queda de produtividade, Bertholdi diz que não foi uma safra ruim porque houve uma compensação em ganhos de ATR. “Entre o planejado e o executado, tivemos na usina uma quebra de açúcar da ordem de 8%”, diz.

“Foi uma safra na qual conseguimos implantar modificações desenvolvidas nos últimos dois anos. E trabalhamos com um mix quase 70% açucareiro, fazendo o branco de qualidade”, comenta, lembrando que a USJ Araras tem foco no mercado doméstico. “Ela coloca entre 80 a 85% do açúcar produzido no mercado doméstico, até pela condição de logística e pelo background que a unidade possui em qualidade e certificações.”