Meziat atribui o bom resultado ao fim da greve dos auditores fiscais da Receita Federal. A balança comercial registrou no mês passado o maior superávit mensal da história, além de recordes em exportação e importação. O saldo positivo foi de US$ 5,638 bilhões, crescimento de 12,6% na comparação com julho do ano passado e de 38,1% sobre junho, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior divulgados ontem. Segundo o secretário de Comércio Exterior, Armando Meziat, o desempenho foi influenciado de forma positiva pelo fim da greve dos auditores da Receita Federal.
Também teriam contribuído fatores sazonais, como a venda de commodities agrícolas. Entre elas, a soja. Segundo Meziat, será necessário aguardar mais alguns meses para confirmar se as exportações estavam realmente represadas em razão da greve. “Sem a greve, provavelmente continuaríamos com números recordes, mas os valores talvez não fossem tão expressivos.”
No mês passado, as vendas ao mercado externo foram de US$ 13,62 bilhões, superando o recorde registrado em junho – US$ 11,43 bilhões. O desempenho é 23,1% melhor do que o de julho do ano passado. As importações, que também foram recorde, somaram US$ 7,98 bilhões, 31,79% a mais na comparação com julho do ano passado e 8,58% superior a junho. Até então, os maiores gastos com compras no exterior haviam sido realizados em agosto do ano passado: US$ 7,69 bilhões. No mês passado, as exportações de soja somaram US$ 978 milhões, ante US$ 667 milhões de julho do ano passado e US$ 513 milhões em junho. Já as exportações de minério de ferro atingiram US$ 1,07 bilhão, ante US$ 653 milhões em julho do ano passado e US$ 790 milhões em junho.
Apesar do ritmo mais acelerado das importações em decorrência da valorização do real, o superávit comercial continua em alta na comparação anual. Nos primeiros sete meses do ano, o saldo está positivo em US$ 25,17 bilhões, 2,07% a mais na comparação com os US$ 24,66 bilhões registrados na mesma fase do ano passado. Neste ano, o País já exportou o recorde de US$ 74,52 bilhões, 15,1% a mais em relação ao ano passado. As importações cresceram 23,1%, chegando a inéditos US$ 49,35 bilhões. Nos últimos 12 meses encerrados em julho, o superávit cresceu 13,5%, para US$ 45,23 bilhões.
Para Meziat, o crescimento das exportações está sendo incentivado, na média, tanto pelo volume embarcado como pelo preço. Ele ressaltou, no entanto, que nos primeiros sete meses do ano as exportações da soja ficaram estáveis, enquanto que os preços subiram 26,5%, em média. As vendas de petróleo cresceram 20% e os preços evoluíram 40%. O açúcar caiu 4% em volume e subiu 54,7% em preço. As vendas do álcool cresceram 3,7% e os preços 55%.
O secretário manteve as projeções do ministério para o superávit em US$ 40 bilhões no ano. Meziat reconheceu que setores como móveis e calçados estão sendo prejudicados pela depreciação do dólar. Em contrapartida, destacou que o pacote cambial deve beneficiar as exportações brasileiras, já que reduz o custo dos empresários. Nos primeiros sete meses do ano, 1.156 empresas, sobretudo de pequeno porte, deixaram de exportar. Até julho, existiam 13.786 empresas exportadoras, contra 14.942 no mesmo período do ano passado.