Mercado

Saída de recursos não prejudica oferta

Cosan quer captar cerca de R$ 740 milhões; Nossa Caixa poderá obter R$ 1 bilhão. As ofertas públicas de ações do Banco Nossa Caixa e da Cosan, companhia voltada para o agronegócio do setor de açúcar e álcool, deverão revelar-se novos exemplos de sucesso de captação de recursos no mercado. Este ano, 15 companhias foram bem sucedidas na captação de mais de R$ 7 bilhões.

A Nossa Caixa pretende captar até o final deste mês cerca de R$ 1 bilhão com a venda de até 28,7% do seu capital, ingressando no Novo Mercado, nível mais alto de governança corporativa da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). Já a Cosan vai vender 26,7% de seu capital, numa operação que poderá chegar a R$ 740 milhões – ela também será listada no Novo Mercado.

A saída de recursos estrangeiros na última semana – só no dia 13 saíram R$ 400 milhões, conforme corretores – chegou a preocupar os players do mercado, já que o aquecimento da Bovespa vem sendo sustentado por esses investidores externos. O movimento de saída foi desencadeado pelas preocupações manifestadas pelo governo americano de uma alta da inflação.

Para a analista Kelly Trentin, da SLW Corretora, no caso de Nossa Caixa a oferta não será afetada, porque faz parte de um setor que está muito bem e que historicamente se segura mesmo quando a bolsa vai mal. Para a oferta de Cosan, Trentin diz acreditar no sucesso da operação, porque os investidores têm manifestado grande interesse pelas ações da empresa, antes mesmo de conhecer os detalhes da oferta.

Trentin engrossa o coro dos que estão preocupados com a possibilidade de que uma alta da inflação nos Estados Unidos reduza o número de estrangeiros nos mercados emergentes. Não dá para saber como os preços do petróleo vão afetar a inflação americana – diz – e tudo está na dependência disso. Mas ainda há um trunfo a favor do Brasil: a tendência de redução das taxas de juros.

Para Wagner Azevedo, analista da Ativo Asset Managment, a saída dos estrangeiros não é uma tendência, porque os fundamentos do Brasil são muito fortes. Ele tem outro motivo para estar otimista: a inflação americana não superará as metas do governo. “A alta do petróleo acabará contrabalançada por uma redução do poder aquisitivo, evitando uma pressão sobre os preços”, avalia.