Previsão era liberação de R$ 41 milhões, mas verba foi ampliada para R$ 61,5 milhões. A subvenção ao seguro rural aumentou 50% este ano, para R$ 61,5 milhões, informa o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Luís Carlos Guedes Pinto, em entrevista exclusiva a este jornal. A previsão orçamentária para esse fim era da ordem de R$ 41 milhões. A cifra representa seis vez mais da verba liberada no ano passado. Foram apenas R$ 10 milhões dos quais, apenas R$ 2 milhões foram aplicados, o que reflete a crise no Agronegócio.
“Recebemos um sinal do Ministério do Planejamento de que mais R$ 19 milhões estarão disponíveis”, diz o ministro. “Achamos que essa é uma prioridade”. Guedes reconhece, porém, que esses valores ainda são pequenos. “Estamos convencidos de que é preciso ampliar muito o seguro rural do Brasil”, declara. Guedes espera aplicar a totalidade dos recursos em subvenção do seguro agrícola.
Na entrevista, o ministro afirma ainda que no dia 12 de setembro chega ao Brasil uma missão dos Estados Unidos para reiniciar o processo de análise de risco do Paraná e Mato Grosso do Sul para a exportação de carne bovina in natura para o mercado americano.
Gazeta Mercantil – O mercado aposta em uma recuperação do Agronegócio a partir da safra 2006/07. Será uma retomada lenta a partir dos ganhos esperados para os produtores de algodão, laranja, cana de açúcar e de carnes. Qual o impacto que esses setores, caso isso se confirme, podem tem no PIB agrícola do próximo ano?
Luiz Carlos Guedes Pinto – Em 2003, a agricultura chegou ao auge da produção e, sobretudo, da valorização dos produtos agrícolas exportados, especialmente grãos, embora o preço do açúcar tenha aumentado muito mais. Ocorreu uma euforia muito grande e a expectativa era de que o cenário se mantivesse. Porém, isso não se confirmou. Na safra 2004/05 tivemos uma conjugação de fatores já conhecidos. Um conjunto de fatores gerou uma crise muito grande no setor que se prolongou até a safra 2005/06, embora em escala menor. Os produtores tiveram uma perda de renda entre R$ 15 milhões e R$ 18 milhões, o que é um impacto notável no setor. Entretanto, o cenário é positivo para alguns setores, como o sucroalcoleiro e o café, além do suco de laranja. A carne também, que mesmo com os problemas de aftosa que ocorreram no ano passado no Mato Grosso do Sul e Paraná, as exportações chegaram a até crescer.
Gazeta Mercantil – Quais são as perspectivas para a safra 2006/07?
Guedes – A nossa expectativa é que esta safra marque um ponto de inflexão. Esperamos que as condições climáticas, que são imprevisíveis, fiquem dentro da normalidade. Ou seja, que não tenhamos uma nova seca. Mas, nossa expectativa é que haja uma retomada, pelo menos ter um ciclo normal da agricultura brasileira. As previsões de redução da plantada entre 10% e 15% são um pouco prematuras.Os produtores contam com uma infra-estrutura preparada para o plantio: eles têm terra, equipamentos, experiência no cultivo de grãos. Por isso, acredito que não haverá redução tão grande da área plantada.
Gazeta Mercantil – A expectativa é que na próxima safra será utilizada baixa tecnologia por conta da falta de liquidez no campo. O que o ministério poderá fazer para evitar a conseqüente perda de produtividade decorrente da baixa utilização de insumos, como defensivos e fertilizantes?
Guedes – Não se trata de medida apenas do ministério. Envolve a área orçamentária e financeira do governo. Ou seja, envolve os ministérios do Planejamento e Fazenda. Mas, neste caso, o que o governo poderia fazer já fez.
Gazeta Mercantil – No ano passado havia disponíveis R$ 10 milhões para o seguro rural, mas apenas R$ 2 milhões foram aplicados para subvencionar a contratação de novos seguros. Para este ano existe um orçamento de mais de R$ 40 milhões. Qual a sua expectativa para a aplicação dos recursos neste ano?
Guedes – A previsão do orçamento destinado ao subsídio do seguro rural era da ordem de R$ 41 milhões para este ano, mas recebemos uma sinalização do Ministério do Planejamento de uma ampliação de algo mais de R$ 19 milhões. Conseguimos negociar a ampliação dos recursos para R$ 61,5 milhões. Ainda considero esse valor relativamente pequeno, estamos convencidos de que é preciso ampliar muito o seguro rural do Brasil.
Gazeta Mercantil – Com um cenário agrícola difícil, com está a adesão das seguradoras ao seguro rural para este ano?
Guedes – As seguradoras não têm sido muito ativas para implementar o seguro rural porque tiveram prejuízos nestes últimos dois anos. Algumas delas, devido o prejuízo que tiveram no ano passado – que do ponto de vista climático foi um ano difícil – inicialmente criaram algumas restrições, mas várias estão aderindo, de tal forma que já até garantimos a aplicação de R$ 61 milhões em subsídio de seguro rural neste ano.
Gazeta Mercantil – Qual a expectativa em relação ao fim dos embargos sanitários por parte da União Européia e da Rússia. Qual a estratégia do governo para superar esse problema?
Guedes – Os casos da Rússia e da Européia são diferenciados. No caso da UE , precisamos liberar novos tipos de carne para o bloco europeu. Enviamos missão a Bruxelas para negociar. No caso da Rússia, existem embargos para alguns Estados, principalmente para Santa Catarina que é o grande produtor nacional de suínos. A Rússia, nosso principal mercado, já suspendeu as restrições para o Rio Grande do Sul e Mato Grosso. Estamos aguardando a liberação de outros estados. O ministério já desenvolveu todas as iniciativas que estavam a seu alcance para a suspensão do embargo russo. Do nosso ponto de vista, não existe justificativa técnica para a manutenção dos embargos para alguns Estados.