Mercado

Safra menor, preço maior

Carro flexfuel virou mico. Acabou o tempo em que o álcool custava até 40% do preço da gasolina e o freguês mandava o frentista “encher o tanque”. Com o mercado internacional comprando todo o álcool de cana-de-açúcar que o Brasil oferecer, carro bicombustível vai virar carro a gasolina até depois do São João.

Mas é preciso não perder de vista o essencial. Não vai faltar álcool numa proporção que provoque uma crise de abastecimento. O preço é que vai continuar subindo. O que aconteceu foi que acabou a vantagem entre os dois combustíveis. O resto é conversa de dono de posto e usineiro esperto. No mês de janeiro, o Brasil exportou 125 milhões de litros de álcool. Foi 90% mais do que exportou em janeiro de 2005. O setor faturou US$ 55 milhões. Foi quase a mesma coisa (130 milhões de litros) que a Petrobras vai deixar de exportar de gasolina pura. As usinas faturam mais e a Petrobras arranjou um novo freguês para sua gasolina aqui mesmo.

E o Nordeste vai sofrer mais que o Sudeste. Porque tem renda menor e aqui, a safra caiu 15% com a Região perdendo 10 milhões de toneladas de cana-de-açúcar com a seca. Agora sabe o que aconteceu em janeiro? O Nordeste exportou 71 milhões de litros de álcool. Só Alagoas vendeu 40 milhões de litros. Isso quer dizer que o álcool que ficava estocado na entressafra está indo para o mercado externo. Quer dizer que o estoque partiu, a usina que tem só vende por um preço maior e a safra do Nordeste só começa em agosto.

O nosso açúcar pelo ouro de Moscou

O consumidor fica com raiva, explode com o fato de ter que pagar a cotação, em dólar, do álcool feito ali na Zona da Mata, mas a realidade internacional é cruel. Em janeiro, o Brasil vendeu 1 milhão de toneladas de açúcar – 310 mil toneladas saíram do Nordesde, com Alagoas vendendo 233 mil toneladas e Pernambuco outras 63 mil. Sabe para quem? Para os russos, que são fregueses tradicionais desde os tempos do IAA e do Leonid Brezhnev. Lembra?

Negócio da Rússia

Se vender açúcar nos últimos anos virou um negócio da Rússia, vender álcool está virando um negócio do Japão, Estados Unidos e dos países asiáticos. O que não se pode deixar de reconhecer é que, pela primeira vez em muitos anos, o setor sucroalcooleiro tem a chance de se mover na direção que melhor lhe interessar.

Ponto de equilíbrio

Isso quer dizer que poderá equilibrar sua produção na direção do produto mais rentável. Esse é um mercado comandado pelas tradings em contratos gigantes. O setor pode até falar em antecipar safra para ajudar o consumidor, mas fazendo isso está dizendo que pode produzir menos açúcar e sustentar seus preços.

BN financia armazém em Alagoas

O Banco do Nordeste está financiando a construção de um novo armazém de estocagem de açúcar, em Alagoas, para 100 mil toneladas e suficiente para ampliar para 45 dias a capacidade de estocagem dos produtores do Estado.