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Safra de cana avança no NE e se retrai no centro-sul

A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) anunciou ontem que estima em 423,4 milhões de toneladas a safra brasileira de cana-de-açúcar 2006/07, mantendo a projeção de maio. Mas foi reduzida a previsão para o centro-sul.

A expectativa agora é de produção de 368,24 milhões de toneladas na região, ante 370,2 milhões na previsão de maio. “A seca no centro-sul gerou perdas pequenas”, afirmou o presidente da entidade, Jacinto Ferreira, em entrevista à imprensa. Houve impacto da estiagem nas produções de São Paulo, Minas Gerais e Goiás.

Consultorias e produtores vêm apontando possível redução no volume da safra da região devido à estiagem e ao calor nos últimos meses.

Neste mês, a consultoria Datagro revisou sua projeção para o centro-sul para 359,7 milhões de toneladas, 1% menos que na estimativa anterior.

Em contrapartida, muitos deles revisaram para cima a expectativa de rendimento industrial, uma vez que as condições favorecem a concentração de sacarose na cana, a matéria-prima para o açúcar e o álcool.

A previsão da União da Agroindústria Canavieira de São Paulo (Unica) para a safra de cana do centro-sul, divulgada em maio, indicava 375 milhões de toneladas. Os números de ontem da Conab condizem com a avaliação da Unica.

Uma das diferenças fica na avaliação da divisão da produção entre açúcar e álcool. Para Antônio de Pádua Rodrigues, diretor técnico da entidade, a produção de cana dever ser destinada em 50% para cada produto. Nos cálculos da Conab, 51,1% serão destinados para álcool, e 48,5%, para açúcar.

Para a safra do Nordeste, a Conab elevou a estimativa de 53,2 milhões, na divulgação anterior, para 55,12 milhões. Esse aumento compensou a redução no centro-sul e fez com que a projeção para a safra nacional não fosse alterada.

A previsão de 423,4 milhões de toneladas representa um recorde, com aumento de 8,2% sobre a temporada 2005/06.

“O tempo está favorável para o desenvolvimento da safra, especialmente no Nordeste”, disse Ferreira, lembrando que a expansão deste ano se deu pelo forte investimento em usinas e destilarias e maior plantio de cana, estimulado pelos preços remuneradores dos derivados.

A entidade previu ainda produção de açúcar em todo o Brasil de 29,8 milhões de toneladas, contra 29,2 milhões em maio. Já o volume para a produção de álcool permaneceu igual, em 17,8 bilhões de litros.

Em 2005/06, o Brasil produziu 26,7 milhões de toneladas de açúcar e 17 bilhões de litros de álcool.