Os motoristas de Curitiba já estão sentindo no bolso o reflexo da safra-de-cana de açúcar. Apesar de oficialmente a colheita começar só em 1º de maio, os valores pagos nas usinas já são os menores dos últimos quatro anos. Nas bombas os preços também começam a ceder, embora em menor proporção, conforme o apurado na pesquisa semanal da Agência Nacional de Petrpóleo (ANP).
De acordo com os dados a Associação dos Produtores de Álcool e Açúcar do Estado do Paraná (Alcopar), em apenas uma semana o preço médio do litro do álcool hidratado caiu 4,87% — passou de R$ 0,771, de 24 a 28 de março, para R$ 0,7335, de 31 de março a 4 de abril, na usina. Nas bombas dos postos de Combustíveis de Curitiba, a queda de preços foi de 1% em igual período.
Considerando o mês (9 de março a 5 de abril), o recuo chegou a 7%, segundo os valores médios apontados pela pesquisa de preços da Agência Nacional de Petróleo. No período, o litro do álcool hidratado passou de R$ 1,494 para R$ 1,389. Mas, em um breve passeio pela cidade, a reportagem encontrou valores ainda menores, como de R$ 1,289, R$ 1,27 e R$ 1,269.
O superintendente da Alcopar, Adriano Dias, afirma que, mesmo com a safra, o setor espera um reação dos precos para os próximos dias. “Esse recuo é resultado do mercado, mas esperamos que o preço suba um pouco, uma vez que os custos do produtor não têm caído”, pondera.
Dias conta que em 2006, por exemplo, o litro do álcool era vendido “a R$ 1,20 e tantos”. “Sabemos que é impossível atingir esse patamar, mas esperamos que até o fim do ano o preços esteja perto de R$ 1 pelo menos”, desabafa.
A previsão é de que neste ano, a produção de cana de açúcar cresça cerca de 10% no Paraná. O Estado deve colher 45 milhões de toneladas de cana de açúcar. Deste total, entre 50% e 52% devem ser destinadas à produção de álcool combustível. O resultado deve ficar entre 2 bilhões e 2,1 bilhões de litros de álcool. No ano passado, o Paraná produziu 1,860 bilhões de litros.
No mercado de São Paulo a situação é a mesma. O preço do litro do hidratado caiu 3,14% e o do anidro recuou 1,55% nas unidades produtoras, de acordo com o levantamento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq).
O preço do hidratado foi de R$ 0,74479 para R$ 0,72138 o litro, em média, e o do anidro recuou de R$ 0,82037 o litro para R$ 0,80765. Os valores divulgados dos dois combustíveis são sem impostos.
Gasolina — Como parte da gasolina utilizada nos carros é composta de álcool (no caso o anidro), o litro do combustível comum também apresentou um discreto recuo. Passou de R$ 2,448 para R$ 2,342, entre 9 de março e 5 de abril, o litro da gasolina comum.
Os valores médios caíram 4,33% em Curitiba, segundo a pesquisa da ANP. Mas nas bombas nesta segunda-feira, o preço do litro de gasolina comum podia ser encontrado a R$ 2,22, conforme mostra a foto acima. (Ana Ehlert)