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Rússia suspende novamente importação de carnes brasileiras

A nova suspensão das importações de carnes brasileiras pela Rússia, anunciada hoje pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), prejudica a imagem do agronegócio brasileiro. A decisão foi tomada depois de descoberta de novo foco de febre aftosa em território brasileiro, na última semana, dessa vez no Amazonas, região considerada de alto risco para a doença.

No primeiro embargo russo às carnes brasileiras devido ao foco de febre aftosa encontrado em Monte Alegre, no Pará, apesar da região não ser autorizada a exportar carne nem mesmo no mercado interno, os prejuízos contabilizados pelo MAPA chegaram a US$36 milhões.

Para Orestes Tibery Jr., presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Zebú (ABCZ), o Brasil não exporta carne do Amazonas e em breve deverá reverter a situação. “O fato de a Rússia ter feito novo embargo à carne brasileira por conta de foco em região que não exporta o produto é prova do quanto o País conquistou espaço no mercado externo. Os nossos concorrentes estão ávidos para recuperar a fatia de mercado que perderam para nós e qualquer motivo, por menor ou indiferente que seja, vai ser utilizado contra os brasileiros”, diz.

O foco foi descoberto no último dia 10, no município de Careiro da Várzea, a 29 quilômetros de Manaus. Fiscais agropecuários federais e estaduais já estão no local, realizando inspeções nas propriedades rurais, na procura por eventuais novos casos da doença. Já foram feitas montagens de barreiras para impedir o trânsito de animais. O vírus descoberto em uma propriedade de Careiro da Várzea é do tipo C, que não era detectado no país desde 1995.

“A presença do vírus tipo C neste recente foco no Amazonas deve levar a um retorno da vacina trivalente em alguns países, que apressadamente mudaram para vacinas bivalentes, correndo riscos desnecessários”, afirma Sebastião Guedes, vice-presidente do Conselho Nacional de Pecuária de Corte (CNPC).

“O Brasil sempre utilizou a vacina trivalente contra os vírus O, A e C, decisão da maior importância para a proteção total do rebanho nacional contra os três vírus presentes no nosso continente . Tanto o governo como os setores privados ligados aos criadores, técnicos e indústrias do Brasil foram parceiros solidários nesta decisão de manter a vacina trivalente e hoje vemos que esta decisão foi corretíssima”, completa Emílio Carlos Salani, presidente do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Saúde Animal (SINDAN).

Na opinião de Constantino Ajimasto Jr., presidente da Associação Brasileira do Novilho Precoce (ABNP), o novo embargo russo prova a vulnerabilidade do Brasil quando o assunto é sanidade do rebanho nacional. “Não podemos nos dar ao luxo de termos o maior rebanho comercial do mundo e não conseguirmos assegurar a sanidade do rebanho. É obrigação de todo pecuarista estar atendo a sua produção, bem como a do vizinho. Qualquer coisa errada deve ser denunciada imediatamente”, diz Ajimasto Jr.

O vice-presidente do CNPC compartilha da mesma opinião e reforça: “Esse novo embrago russo é uma lição para o Brasil, e mostra mais uma vez a necessidade de um plano consolidado para erradicar a aftosa nos circuitos Norte e Nordeste do Brasil. Além disso, devemos estar preparados para esclarecer nossos parceiros internacionais e também a opinião pública brasileira da possibilidade de novos episódios semelhantes, pois o risco de encontrarmos novos focos na região não pode ser subestimado”, entende Guedes.