A Rússia, país que é o maior importador mundial de açúcar, poderá aumentar o imposto que incide sobre a commodity em mais de 50% já em dezembro próximo, disse o Ministério da Economia do país.
No mês que vem, o gabinete russo analisará uma proposta para elevar a tarifa de importação para US$ 220 por tonelada, a partir dos atuais US$ 140 por tonelada, disse ontem uma autoridade do Ministério da Economia.
O reajuste exato será decidido “no futuro próximo”, disse Igor Zubov, chefe do departamento de pagamentos alfandegários do Ministério da Fazenda. O Ministério da Fazenda russo propôs um aumento menor para evitar estimular a inflação, disse ele.
A Rússia tem enfrentado dificuldades para fazer sua taxa de inflação recuar aos mesmos patamares dos países da Europa Ocidental, à medida que a receita gerada pela venda de petróleo bruto, o principal produto de exportação do país, enche os cofres do país.
A taxa anual de inflação russa se acelerou para 8,5% em julho passado, o maior ritmo registrado este ano.
O Ministério da Economia precisa entrar em acordo com outros órgãos do governo, entre os quais o Ministério da Fazenda, o Ministério da Agricultura e o Serviço Antimonopólio, sobre os termos do aumento da tarifa de importação para o açúcar para que o gabinete possa analisar a proposta, disse Zubov.
O governo quer elevar a tarifa sazonal por um período não superior a seis meses a partir de dezembro próximo, segundo autoridades do Ministério da Fazenda e do Ministério da Economia. O país comprou 1,99 milhão de toneladas de açúcar não refinado (demerara), avaliadas em US$ 631 milhões, no primeiro semestre deste ano.
Índia
A Índia, país que é o segundo maior produtor mundial de açúcar, atrás do Brasil, por sua vez pretende fornecer mais incentivos para a exportação da commodity e para diminuir o excedente interno do produto, medida que pode gerar mais quedas nos preços mundiais.
O governo reembolsará 4% do valor do açúcar não-refinado (demerara) exportado para empresas de comercialização segundo um “plano de renúncia fiscal”, informa o Ministério do Comércio indiano em seu site.
A medida vem se juntar a um subsídio para fretes, de até US$ 35 por tonelada, concedido aos exportadores para estimular as vendas externas do produto.
O aumento das vendas de açúcar da Índia poderá pesar sobre o preço do produto, que recuou 22% em Nova York nos últimos 12 meses.
O mundo contará com um excedente de 11 milhões de toneladas de açúcar no ano-safra 2007-2008, uma vez que o aumento da produção do Brasil e da Índia está gerando um inchaço nos estoques, segundo a corretora londrina Czarnikow Sugar Ltd.
“A renúncia fiscal irá, com certeza, expandir nossas iniciativas para promover a exportação de açúcar não-refinado”, disse Vinay Kumar, diretor executivo da National Federation of Cooperative Sugar Factories Ltd.
Qualquer tipo de incentivo financeiro é bom para as exportações da Índia.
“Os agricultores indianos estão tendo dificuldade para vender seus estoques e a produção local poderá crescer 15% no ano que vem”, disse o ministro da Agricultura do país, Sharad Pawar. O país poderá produzir o recorde de 28 milhões de toneladas este ano, segundo Pawar.
Aumento da produção
A produção de açúcar da Índia deve aumentar para 30 milhões de toneladas no ano que se encerrará em 30 de setembro de 2008, a partir dos estimados 28,3 milhões de toneladas deste ano fiscal, segundo a National Federation, que reúne produtores.
O país se tornará o terceiro maior exportador de açúcar da Ásia no ano que terá início no próximo mês de outubro, atrás apenas da Tailândia e da Austrália, com as remessas para o exterior aumentando para 2,5 milhões de toneladas, a partir do 1,1 milhão de toneladas do ano anterior, disse em maio passado o Serviço Agrícola Externo dos Estados Unidos.