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Rubens Ometto: protagonista de uma história de sucesso

Empresário destaca os projetos de expansão do grupo Cosan 

Ometto: Brasil leva vantagem (Foto: Arquivo/JornalCana)
Ometto: Brasil leva vantagem (Foto: Arquivo/JornalCana)

O fundador e presidente do conselho de administração do Grupo Cosan, Rubens Ometto Silveira Mello, afirmou, recentemente, que a companhia tem muitos projetos e quer crescer mais. O empresário falou sobre a importância da reestruturação societária da empresa e citou o ânimo dos investidores, como também reforçou que o foco da Raízen é a energia renovável e, após adquirir a Biosev, que é a segunda maior produtora de açúcar e etanol do país, pretende construir mais três usinas de etanol de segunda geração, do mesmo tamanho da unidade que a companhia tem em Piracicaba-SP, ao lado da Usina Costa Pinto.

“Queremos construir três usinas desse tamanho, com produção de 300 milhões de litros adicionais de etanol de segunda geração”, disse. Segundo o empresário, o etanol celulósico tem grande demanda no mundo. “Empresas como Shell, Exxon-Mobil e Total têm o maior interesse em adquirir esse etanol, dado o sequestro de carbono que ele tem”, ressaltou.

Os investimentos não param aí e visam a reforçar o portfólio de energias renováveis da empresa. Como é o caso da produção de biogás, com a planta inaugurada no ano passado, em Guariba-SP, e planos para a construção de novas fábricas nas unidades da Biosev. A companhia também está atenta à evolução da energia solar, tendo uma planta próxima à Usina Costa Pinto com capacidade instalada de energia de 1.3 MWp, que já abastece alguns estabelecimentos comerciais no município. O grupo tem negociado, ainda, a aquisição da Refinaria do Paraná (Repar) e da Gaspetro, ativos da Petrobras.

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Ainda no cenário de renováveis, Ometto comentou que o motor elétrico é muito mais eficiente do que o motor a combustão, mas, quando se calcula a poluição causada pelo carro elétrico, esta é muito maior que o do carro a etanol e os híbridos. Apesar da crescente tendência pela tecnologia dos veículos elétricos, o empresário acredita que a consciência da população vai mudar, pois as pessoas estão mais atentas ao aquecimento global e valorizando mais o meio ambiente.

Usina Costa Pinto, em Piracicaba – SP

De acordo com o executivo, o Brasil tem uma joia na mão, no que se refere à parte ambiental, com a matriz energética mais limpa do mundo e um código florestal muito rígido. “É preciso valorizar e vender isso muito bem. Não podemos cair nas armadilhas que outros países criam por não poder competir com o nosso agronegócio”, disse.

Ometto afirmou também que a pandemia não atrapalhou muito os negócios do grupo. Segundo ele, a produção de açúcar, devido à demanda mundial, não foi afetada e, apesar de o etanol ter sofrido com a redução do consumo no país, a Raízen exportou quase a totalidade de sua produção. Citou ainda o bom momento da Rumo, o braço logístico do Grupo, que “continua a todo vapor”, com o agronegócio em crescimento constante.

“Foi um ano importante para a Rumo. Consolidamos a renovação da Malha Paulista, ganhamos o leilão de compra da Norte-Sul e agora estamos discutindo com o Governo Federal a extensão da malha ferroviária no Mato Grosso, no trecho de Rondonópolis até Lucas do Rio Verde, passando por Cuiabá”, contou.

Recentemente, o empresário lançou sua autobiografia. Apaixonado por novelas, chamou o novelista Aguinaldo Silva para escrevê-la com ele. “O Inconformista” traz a sua trajetória e mostra como conseguiu fazer da Cosan um dos maiores sucessos corporativos do Brasil.

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No livro, ‘Binho’, como é conhecido por muitos empresários, faz relatos de sua infância, na Usina Costa Pinto, e comenta que as crises de bronquite asmática sofridas na época são o seu rosebud, em referência ao filme Cidadão Kane.

“Afligiram minha infância e me marcaram para sempre, mas não de um modo negativo. A ansiedade que (as crises de bronquite) provocavam no menino contribuiu para gerar a energia que hoje move o homem, tanto nos negócios quanto na vida”, afirma no livro.

O empresário ressalta que, como qualquer pessoa, já fracassou algumas vezes e aprendeu muito com isso, afirmando que a vida é feita de decisões, e algumas das mais importantes que tomou foram relacionadas aos negócios.

“Não paro de pensar neles; me irrita quem demonstra falta de interesse pelo trabalho”, elucida, reforçando que gosta de trabalhar com pessoas que sintam orgulho do que fazem, sejam audaciosas e dedicadas. “Eu aconselho: seja ansioso e vaidoso; nunca seja pessimista. Seja ansioso para saber as novidades da empresa e vaidoso com os seus méritos”, afirma.

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“Acho que a humildade está intimamente ligada ao sucesso. É preciso ter humildade e reconhecer quando alguém apresenta uma ideia melhor que a sua. As pessoas creditam muitas invenções a mim, mas algumas delas não foram mais do que a concretização de ideias lançadas por outros. Um exemplo disso foi quando criei o açúcar VHP (Very High Polarization).

Antigamente, a exportação do açúcar demerara exigia o recolhimento do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços), porque ele não era considerado um produto acabado. Isso se devia à sua polarização, que define a porcentagem de sacarose no produto.

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Durante uma reunião da associação de produtores, alguém sugeriu que a polarização do demerara fosse diferente. Isso me levou a criar o VHP, que é o açúcar bruto. Em termos de polarização, ele equivalia ao demerara para o comprador estrangeiro, mas era considerado branco para o produtor do estado de São Paulo, cuja exportação não exigia pagamento de ICMS. Assim, consegui exportar o produto bruto com um custo menor. Esse açúcar ficou famoso e, hoje em dia, o Brasil quase só exporta essa modalidade”, explica no livro.