Os países desenvolvidos gastam 30% da receita que obtêm com a agricultura em subsídios diretos ou indiretos, segundo relatório “Agricultural Outlook” da OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico, que reúne 30 países industrializados) e da FAO (Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação, na sigla em inglês), divulgado ontem.
Os países-membros da organização gastaram no ano passado US$ 279,5 bilhões em subsídios a agricultores, ante US$ 256,7 bilhões no ano anterior.
Os subsídios são calculados levando em conta seu custo para contribuintes e consumidores. Os custos incluem os pagamentos diretos aos agricultores e os preços mais altos que os consumidores pagam por alimentos.
O país que gasta maior porcentagem de sua receita com agricultura em subsídios é a Islândia, com 72%; em seguida vem a Suíça, com 71%. A União Européia gasta em média 59% das receitas em subsídios, porcentagem que cai para 15% nos Estados Unidos.
Os subsídios permitem aos países desenvolvidos manterem o preço de seus produtos agrícolas 30% mais altos, em média, que os preços mundiais. A ajuda dos governos distorce o mercado e protege os produtores dos países dos efeitos da maior competitividade e da queda dos preços dos produtos, segundo a OCDE.
Por isso, diz a organização, o sucesso da rodada Doha de liberalização do comércio é importante para ajudar os agricultores dos países desenvolvidos a aumentar sua produtividade.
A ajuda aos agricultores poderia ser reduzida se fosse mais focada nos produtores que realmente precisam dela, segundo Catherine Moreddu, economista da OCDE. “O total das ajudas cairia porque elas seriam dadas a menos pessoas”, diz Moreddu.
O relatório da OCDE dá apoio à posição do primeiro-ministro britânico, Tony Blair, que quer que a UE reduza seus gastos com ajuda a produtores. A comissária de Comércio da UE, Marianne Fischer-Boel, deve propor amanhã cortes importantes aos subsídios dados a produtores de açúcar.
Emergentes
Segundo o relatório, o comércio de bens agrícolas entre países emergentes vai aumentar devido ao crescimento de seus mercados consumidores.
“A competição em mercados globais de commodities deve se intensificar nos próximos dez anos, com mais oferta de mercados com custos menores e de países exportadores não-tradicionais”, diz o documento.